Dados de uma pesquisa mostram que a falta de fiscalização em bares e restaurantes de Brasília, contribui para o consumo de álcool cada vez mais precoce entre crianças e adolescentes do Distrito Federal e que esse consumo tem começado cada vez mais cedo, entre os 9 e 12 anos. O levantamento foi feito pela psicóloga Fátima Sudbrack, assessora da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas da Presidência da República (Senad) e membro do departamento de psicologia clínica da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo Sudbrack, os estudos apontam que a necessidade de afirmação, influência de amigos e, especialmente a curiosidade, são os principais fatores que levam os jovens a consumir bebidas alcoólicas cada vez mais cedo. O subsecretário de operações da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-Ba), coronel Wolney Rodrigues da Silva, reconhece o problema. “Isso faz sentido porque é praticamente impossível fiscalizar todos os estabelecimentos. No entanto, seria mais fácil combater esse tipo de crime, previsto em lei, se os próprios comerciantes não vendessem esses produtos aos menores de idade”, comentou.
Selo – O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF (Abrasel-DF), Rodrigo Freire, diz que participou de uma reunião com a SSP-DF para tratar do assunto e buscar soluções, que diminuam o consumo de álcool e reduza a violência. “Tem que ter tolerância zero mesmo, esse tipo de coisa não pode acontecer. Nós vamos lançar no mês de outubro um selo, ou seja, um programa em parceria com a secretaria para coibir e conscientizar os donos desses estabelecimentos a não venderem, em hipótese alguma, bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes”, comenta.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o artigo 243 da Lei 8.069/90, diz que “vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar de qualquer forma a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida”, pode causar multa e ou pena de três meses a um ano de detenção ao comerciante responsável pela venda.
A Abrasel-DF e a SSP-DF firmaram uma parceria, na intenção de fazer a lei valer na prática a partir de agora. “A lei existe e não é cumprida. Nós vamos ajudar na fiscalização, vamos conscientizar os profissionais dos bares e restaurantes, faremos campanhas e distribuiremos adesivos pela cidade. Faremos o possível para que esta lei seja, de fato, cumprida”, explica Freire. Segundo ele, os comerciantes que cumprirem as exigências do programa, receberão um selo de qualidade da SSP-DF e conseguirão uma série de benefícios com o Estado.
Consumo – A pesquisadora encontrou adolescentes que relataram ter começado a beber por incentivo de amigos ou perder a timidez. Uma estudante de 15 anos relatou que provou o álcool aos dez anos e começou a beber com frequência aos 12. “Se estou numa festa e todo mundo está bebendo, eu não vou ficar de fora. Toda saída com a galera é motivo para tomar pelo menos duas cervejas”, afirmou a garota.
Ainda segundo o estudo, a cerveja não é a preferida dos jovens. A maior parte dos adolescentes entrevistados prefere consumir destilados como cachaça, vodca e uísque porque, teoricamente, "ficam animados mais rapidamente". “Prefiro bebidas tipo ice e destilados, como vodca e caipirinha. Sempre vi muita propaganda na televisão e tinha curiosidade em provar esses produtos. Para mim, qualquer motivo é razão para beber. Se estou triste, se estou feliz, acompanhado ou sozinho, não faz diferença. Eu gosto é de sentir a "lombra"”, disse um garoto de 16 anos.
Com informações do R7.