De olho nas eleições para a presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputados distritais do PT estariam pretendendo exigir do governador Agnelo Queiroz apoio para a escolha do comando na CLDF e a indicação para uma vaga no Tribunal de Contas do Distrito Federal e o presidente do Partido dos Trabalhadores teria criticado os pares, por conta das articulações movidas por interesses pessoais. A informação é da coluna da jornalista Lilian Tahan desta terça (23).
Segundo Tahan, à medida em que se aproxima a eleição da Mesa Diretora na CLDF e a abertura de novas vaga no Tribunal de Contas do DF e Territórios (TCDFT), os petistas vão se movimentando para participar do processo de sucessão e muitos estariam insatisfeitos e se sentindo preteridos pelo governador e, para reverter a situação, pretendem fazer pressão no Palácio do Buriti. Leia a coluna de Tahan na íntegra.
Petistas cobram cargos
LILIAN TAHAN – Distritais do PT pretendem exigir de Agnelo Queiroz o apoio na eleição para o comando da Câmara Legislativa, bem como a indicação para uma vaga no Tribunal de Contas do DF. Presidente do partido critica interesses pessoais
À medida em que se aproxima a eleição da Mesa Diretora na Câmara Legislativa e a abertura de novas vaga no Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), aumenta a ansiedade de petistas interessados em participar do processo de sucessão. Do mesmo partido de Agnelo Queiroz (PT), alguns aliados mais próximos ao governador estão muito insatisfeitos com o que consideram falta de abertura do Executivo para debater a partilha de poder. Eles acham que estão sendo pouco ouvidos e prestigiados na indicação de alguns nomes que passam pelo GDF e na exoneração de outros. Atentos à dança das cadeiras, deputados do PT pretendem fazer pressão no Palácio do Buriti.
Durante reunião da bancada na manhã de ontem, os distritais decidiram pedir uma reunião com Agnelo para negociar os cargos estratégicos. Dois tópicos que certamente estarão na mesa de barganha são a eleição para o comando da Câmara e as próximas vagas que deve ser abertas, até janeiro, no TCDF, uma delas aliás de indicação dos distritais. Mas como a maioria na Casa é governista, o Executivo terá forte influência na definição de quem poderá substituir Domingos Lamoglia. Nos bastidores, a aposentadoria do conselheiro acusado de participação na Caixa de Pandora é dada como certa, e há a perspectiva de que o processo seja finalizado até janeiro. O outro posto que ficará vago na Corte é por ocasião da aposentadoria de Marli Vinhadeli, auditora de carreira.
A tirar por episódios recentes, os parlamentares do PT temem ficar escanteados no desfecho de temas que consideram fundamentais, até porque todos depositam expectativas políticas nas decisões que se aproximam. A Presidência da Câmara, por exemplo, é o que preocupa o atual comandante da Câmara, Patrício. Ele quer permanecer no cargo, mas, a menos de dois meses do pleito, ainda não conquistou o aval do governo. Vai entrar na arena com Agaciel Maia (PTC), candidatura alternativa para o cargo que já conta inclusive com a simpatia de figurões do Executivo e dos próprios colegas deputados.
Quando a pauta é Tribunal de Contas, em uma bancada de cinco petistas, há dois amuados com o recente processo de indicação de Paulo Tadeu para a Corte. Com as credenciais que avalia serem adequadas ao cargo (Leia mais em O que buscam os petistas), Wasny não esconde o desejo de ocupar o posto. Perdeu a chance com a ida de Tadeu e não há nenhuma garantia de que seja o nome de preferência do governo nas próximas oportunidades. O atual secretário de Saúde, Rafael Barbosa, pode ficar com uma das vagas. Já há quem esteja em campanha por ele. Para o Buriti, seria uma forma de promover mudanças mais radicais em uma área sensível do GDF e, ao mesmo tempo, recompensar à altura o aliado de décadas, muito próximo a Agnelo.
O TCDF também é um incômodo para Chico Leite. O plano A do distrital é disputar o Senado. Mas, da mesma forma como ocorreu em 2010 — em nome de uma composição partidária, ele foi preterido em favor de Rodrigo Rollemberg —, em 2014, a situação pode se repetir. Gim Argello (PTB) e Geraldo Magela (PT) querem concorrer ao cargo na chapa governista. Assim, o Tribunal de Contas surgiu como uma alternativa para Chico Leite, que já está no terceiro mandato de distrital. Mas, em um contexto dividido com Barbosa e Wasny, dificilmente levaria a melhor.
Arestas
Até um dos mais ferozes defensores do governo, Chico Vigilante anda contrariado. O distrital não concorda com a escalação do adversário Cristiano Araújo (PTB) para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico nem com a exoneração do comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Márcio, do posto.
Menos magoada, mas igualmente preocupada, Arlete Sampaio também acredita que há arestas a aparar. Ela própria quando voltou para a Câmara tinha como meta disputar a Presidência da Casa. Mas, agora, diz que zerou o jogo e aceita apoiar outro candidato. Não abre mão, no entanto, de participar do debate com o governo. Diante da lista de reclamações, os distritais decidiram pedir uma audiência com Agnelo para já. Querem ajustar o volume de seus microfones para terem voz nas escolhas que se colocam.
Deputado federal e presidente do PT no DF, Roberto Policarpo, faz uma avaliação que reflete um contraponto ao clima de cobrança por parte dos distritais petistas. Para ele, é preciso que os colegas da Câmara Legislativa façam uma auto-reflexão sobre suas posturas para depois repararem na do governador. "Na questão da sucessão da Câmara, por exemplo, é fundamental que os distritais se entendam antes de cobrar diálogo com Agnelo", considerou Policarpo.
Para o presidente do partido, não falta conversa entre o governo e a Câmara, especialmente com os petistas. "Até um dia desses, o líder falava com Agnelo de cinco em cinco minutos, era o que todos comentavam. Agora, não tem mais conversa, isso não existe". Para Policarpo, há colegas que colocam os interesses pessoais na frente da coletividade: "É necessária uma reflexão, não dá para pressionar o governador para que ele atenda a anseios particulares, temos de pensar e discutir o que é melhor em termos de partido".