Onde Está o Projeto de Cultura do Governo Agnelo?

Publicado em: 06/09/2012

*Adeilton Lima – Há dois anos uma pergunta não quer calar no meio cultural brasiliense: Afinal, qual o projeto de cultura do governo Agnelo?

Não é novidade para ninguém que o Fundo da Arte e da Cultura (FAC) é uma conquista da sociedade, do segmento cultural, que diante de uma árdua batalha conseguiu vincular 0,3% da receita líquida do GDF para o financiamento de projetos culturais. Portanto, esse mecanismo pertence à sociedade e não ao governo, cabendo a este, obviamente, apenas a administração dos recursos. No entanto, o que temos assistido nos últimos tempos é uma burocratização excessiva (perdoem-me a redundância) dos mecanismos de acesso ao Fundo ao mesmo tempo em que a atual gestão não aponta nenhuma alternativa concreta  para dinamizar e diversificar a política cultural no DF. Fazem “ouvidos de mercador” para as reivindicações da classe e “sentam-se” sobre o Fundo (Ops… Perdão mais uma vez…) como se os atuais 40 ou 44 milhões fossem o orçamento da Secretaria de Cultura, arbitrando, manipulando e politizando negativamente a aplicação desses recursos com editais paquidérmicos e com uma absurda ingerência sobre a produção cultural alheia.

Os atuais ocupantes da pasta não demonstram habilidade política para negociar com o próprio executivo ou com o legislativo em busca de um orçamento próprio para a Secretaria de Cultura. Não, ficam apenas fazendo proselitismo com o dinheiro alheio, leia-se, com os recursos de um Fundo de Cultura que pertence à sociedade brasiliense. Mais lamentável ainda é a total falta de comunicação da Secretaria de Cultura diante dos vários segmentos artísticos confundindo ‘democratismo’ com democracia. Cafezinho morno não alimenta uma conversa…

A crise atual que explode diante da arbitrariedade em querer manipular à revelia os recursos do FAC direcionando-os a eventos antes custeados com verba do GDF, aliada à falta de visão e projeto político, pode, paradoxalmente, apontar ao menos um ponto positivo: Mudanças na atual equipe. Mas isso necessariamente exigirá também mudança de postura política. De nada adiantaria trocar “seis por meia dúzia”. Afinal, e de uma vez por todas, esse governo precisa dizer a que veio na área de cultura, mesmo não tendo muito o que mostrar em outras áreas.

O secretário Hamilton Pereira precisa se abrir ao diálogo e implementar novas diretrizes visualizando um futuro mais promissor. Renovação pode ser a palavra mais adequada diante do desgaste pelo qual passa a sua gestão. Correndo o risco, ele próprio, de arcar com o prejuízo sozinho.

*Adetilton Lima é ator

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