Os deputados Dr. Michel (PEN), Wellington Luiz (PPL), Cláudio Abrantes (PPS) e Aylton Gomes (PR) anunciaram que estão em regime de obstrução da pauta na Câmara Legislativa do Distrito Federal e que só votam os projetos do GDF, quando forem atendidas as reivindicações da Polícia Civil, que está em greve. Apesar de ter sido anunciada hoje, pela data da última votação, a impressão é que a pauta já estava obstruída desde antes, mas agora encontraram uma justificativa.
Representantes dos policiais lotaram a galeria da Casa, para pressionar os distritais a aprovar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar como estão sendo gastos os recursos repassados pelo Fundo Constitucional ao GDF. Alguns dos parlamentares aproveitaram o ensejo e cobraram em plenário a aprovação de um requerimento para a realização de comissão geral para debater a execução financeira do Fundo. “O fundo foi criado para custear a Segurança Pública e subsidiariamente as demais áreas. O governo tem que cumprir o que foi acordado. Não podemos ser tratados como subalternos”, argumentou Cláudio Abrantes, pedindo mais respeito à categoria.
Palanque – Dr. Michel defendeu que a categoria seja pelo menos recebida pelo governo e sugeriu que as reivindicações dos policiais sejam levadas ao governo federal. “Estamos na luta para garantir, no mínimo, o que foi conseguido na esfera federal”, afirmou.
Já Wellington, que deixou a Secretaria de Regularização dos Condomínios e voltou para a CLDF atendendo a um pedido da categoria pesou o tom e lembrou que o GDF tem recursos para construir um estádio, e não para a Polícia Civil. “É pura falácia. A greve é o nosso único instrumento de luta contra um governo que não aceita negociar”, afirmou.
Eliana Pedrosa (PSD) comentou que a insegurança é o que mais preocupa as pessoas no DF e se colocou ao lado dos grevistas. “Como líder da bancada, vou propor aos demais parlamentares do PSD para que também entremos em obstrução”, disse ela que foi ovacionada pelos policiais que diziam: “Nossa governadora!”
Greve – Os agentes decidiram em assembleia nesta terça (11) pela manutenção da greve, iniciada no dia 23 de agosto. A categoria pede reestruturação da carreira e reajuste salarial de 28%, valor equivalente à inflação acumulada entre 2006 e 2012. Uma nova assembleia está marcada para a próxima sexta (14).
De acordo com o presidente do sindicato do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol), Ciro José de Freitas, os agentes vão fazer um ato de protesto em frente ao Palácio do Buriti na tarde desta quarta (12). “Nós vamos queimar dois caixões. Eles representam o fim da autonomia do Distrito Federal. O GDF alega que quer dar o aumento, mas que não pode porque o governo federal está resistindo, então não há mais autonomia”, disse Freitas.
Justiça – No final de agosto, o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) acatou liminar do GDF e determinou a volta de 80% dos policiais civis ao trabalho e que a população tenha livre acesso às unidades policiais. Também ordenou que a categoria não realize nenhuma manifestação que feche vias públicas ou cause transtorno ao trânsito, fixando multa de R$ 100 mil para cada ato de desobediência. Cabe recurso à decisão.
De acordo com Freitas, a determinação está sendo cumprida. “Nós estamos respeitando fielmente a decisão judicial, mas os 20% que não estão trabalhando já afetam a qualidade dos serviços”, disse.