O cineasta Vladimir Carvalho doou a Fundação Cinememória, com a casa e o acervo reunido em mais de meio século de carreira para a Universidade de Brasília (UnB). A Coleção começou a ser organizada há 18 anos e reúne relíquias como cartazes de filmes, livros, câmeras, jornais, revistas, fotos e máquinas como a moviola utilizada por Glauber Rocha para editar o filme “Terra em Transe”.
O Cineasta afirma que não se trata de um presente, mas uma devolução e que a universidade é uma instituição que tem tudo para realizar a preservação desse acervo. “O filme, como as pessoas, eles degeneram, eles morrem. Então é preciso que haja alguma coisa que sinalize essa necessidade de preservar, não só a memória do cinema brasiliense, como possibilitar à sua população desfrutar dos benefícios de uma cinemateca”, afirma Carvalho.
Vladimir, que foi professor da UnB por 24 anos, pesquisou, separou e catalogou tudo o que conseguiu sobre a história do cinema brasileiro e de seus 23 filmes, entre eles “O País de Suruê”, filme de 1971, que foi selecionado para o Festival de Cinema de Brasília e acabou apreendido pela censura, e “Rock Brasília – A Era de Ouro”, que abriu o mesmo festival no ano passado.
Memória do cinema – O projeto de Fundação Cinememória foi criado por Vladimir Carvalho em 1994 e era, a princípio, uma maneira de o cineasta guardar e conservar a obra documentária que ele mesmo realizou em mais de 50 anos de atividade. O acervo, no entanto, também reúne filmes feitos em Brasília e sobre Brasília, vídeos, fotografias, roteiros e outros documentos e livros sobre o cinema local, nacional e mundial.
O acervo inclui uma biblioteca com mais de três mil volumes, e importantes textos da literatura brasileira, como uma coleção completa de todas as primeiras edições das obras de José Lins do Rego, retratado em seu documentário O engenho de Zé Lins, de 2007; várias edições de Os Sertões, de Euclides da Cunha (inclusive uma de 1911!); duas moviolas – uma, inclusive, que foi usada na edição do filme Terra em Transe, de Glauber Rocha – câmaras e refletores antigos e documentos sobre a história do cinema no DF nos últimos 40 anos. A Fundação Cinememória possui também um auditório de 30 lugares para exibições cinematográficas.
Acervo – A doação inclui não apenas os objetos, mas também a casa onde o acervo foi guardado. O cineasta impôs como condição que o local fosse preservado com suas características originais, o que implica numa série de procedimentos para garantir a segurança, a recuperação de materiais deteriorados e a preservação dos objetos.
“Para isso, precisaremos de uma equipe dedicada integralmente ao trabalho”, explica o professor Ricardo Trevisan, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e membro integrante da Comissão UnB 50 Anos. “Além disso, precisaremos entrar com um pedido na Secretaria de Cultura do Distrito Federal para tombar a casa como bem cultural de Brasília e mudar a destinação, já que ele se encontra em área residencial”, explicou.
Para o reitor José Geraldo de Sousa Junior o esforço vale a pena. “O cineasta é símbolo não só da arte, mas também da luta para preservar a memória da cidade. Além disso, o Cinememória guarda um sentido didático, um sentido pedagógico, que merece a devida atenção e o respeito de toda a comunidade acadêmica. É uma aula da história, da cultura e da tradição”, defendeu.
A casa onde está o Cinememória está localizada na W3 Sul. Mais informações pelo telefone (61) 3225-8680.
Com informações do G1-DF e da Agência UnB.