Agência de modelos protesta contra a falta de negros nas passarelas

Publicado em: 19/08/2012

Na semana passada, uma agência de modelos de Brasília organizou um desfile com modelos negros na Rodoviária do Plano Piloto. Os modelos foram recrutados pelas ruas e redes sociais. São pedreiros, pintores e empregadas domésticas que durante 90 dias foram treinados para o desfile, que aconteceu ao som de tambores. O objetivo é de protestar e chamar a atenção para a falta de negros nas passarelas. 

Para a agência representa um contrassenso o fato de o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontar que mais da metade dos brasileiros são negros ou pardos e esta realidade não entrar nas passarelas do mundo da moda. Os modelos que não desfilam costumeiramente pelas passarelas chamaram a atenção nas plataformas da Rodoviária do Plano Piloto, colorindo o ambiente com roupas com referências africanas. 

Preconceito – Para a empresária Daí Schimit, o grande preconceito está nas próprias agências. “Infelizmente eles falam que o negro não vende. Quando uma agência seleciona um negro pedem para raspar a cabeça, o que também é preconceito. Isso desvaloriza a beleza do negro. A maioria dos desfiles tem só dois ou três negros”, afirma. 

O modelo Alex Costa confirma o que diz Daí e conta ter encontrado resistência em ser aceito pelo mercado. “O mercado da moda hoje é muito fechado, muito taxado. Já existe uma imagem de modelo, que é o clarinho, alto e forte. Não tem mercado para pessoas pardas ou negras. A gente também tem talento”, diz o modelo. 

Capital Fashion Week – Em nota, a direção do Capital Fashion Week, um dos mais importantes do segmento e que está em preparação, informou que “os protestos não levam em conta a profissionalização existente no setor”. A produção alega ainda que “os modelos selecionados precisam ter carteira profissional, experiência comprovada e treinamento especializado”. 

Ainda segundo a organização do evento, as condições típicas da população brasiliense têm impedido a contratação de mais “profissionais classificados nessa condição étnica”.

Para os organizadores do Capital Fashion Week, nós só podemos dizer que a beleza natural dos modelos “não profissionalizados” deu um show de moda e elegância para quem estava na rodoviária e na estação do metrô enquanto eles desfilavam.

 

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