Denúncia: Veja teria engavetado entrevista com Arruda para proteger Demóstenes

Publicado em: 11/07/2012

Nesta terça (10), véspera da sessão do Senado em que será decidido o destino do senador Demóstenes Torres (Sem partido –GO) (+aqui), o site Brasil 247 publicou reportagem afirmando que o diretor da sucursal da revista Veja em Brasília teria interferido na publicação de uma entrevista com o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (Sem Partido), para proteger o ainda senador.

A entrevista teria sido feita em setembro de 2010. Arruda teria sido procurado por Diego Escosteguy, que tinha a missão de fazer a entrevista, que deveria ser reportagem de capa, se Arruda decidisse falar sobre sua queda. Arruda falou, mas a entrevista só foi publicada em 20 de março de 2011, na revista Época, levada pelo próprio Escosteguy, que, desiludido, saiu da Veja. O jornalista, aliás, na semana passada, assumiu a direção da Época em Brasília, no lugar do também flagrado em grampos com Cachoeira Eumano Silva (+aqui).

Reproduzimos abaixo a denúncia dom Brasil 247, que afirma que Arruda acusou Demóstenes de perseguição e Policarpo Júnior engavetou.

Bomba: Veja engavetou entrevista com Arruda para proteger Demóstenes

GRAMPO REVELA PARCERIA ENTRE A REVISTA, O BICHEIRO CACHOEIRA  E O SENADOR DEMÓSTENES; “O POLICARPO AJUDOU”, DISSE CACHOEIRA; EX-GOVERNADOR DO DF, JOSÉ ROBERTO ARRUDA, FALOU A VEJA EM SETEMBRO DE 2010, ÀS VÉSPERAS DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL, E ACUSOU DEMÓSTENES DE LHE PEDIR FAVORES; NADA FOI PUBLICADO

247 – Em setembro de 2010, José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, que havia perdido o mandato no início do mesmo ano, foi procurado pela revista Veja. A publicação, da Editora Abril, prometia uma reportagem de capa, se Arruda decidisse quebrar o silêncio sobre sua queda. Para a missão, Veja escalou o repórter Diego Escosteguy. Surpreendentemente, Veja engavetou uma entrevista bombástica, que era cobiçada pela imprensa inteira.

Por quê? Qual o motivo para desprezar um furo jornalístico tão relevante?

A resposta está num grampo da Operação Vegas, revelado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, do site Conversa Afiada (leia mais aqui). Eis a transcrição da conversa, que foi captada no dia 20 de março de 2011, quando a entrevista foi publicada por Época, levada pelo próprio Escosteguy, que, desiludido, saiu da revista Veja:

Cachoeira – Fala doutor, não falou nada, não?

Demóstenes – Não, tenho que analisar com isso aí o que é que faz. Vamos pensar, amanhã você tá aí?

Cachoeira – Tô, precisava falar com você, o Chiquinho achou ruim, não me atendeu mais não.

Demóstenes – Fez bem. Chegar o porrete nele mesmo, sujeito safado.

Cachoeira – Tô pensando de ele fazer alguma coisa.

Demóstenes – Não, eu falei pra ele, nada, eu falei é a verdade, não tem nada de mentira não. Tá tudo certo.

Cachoeira – Esse trem do Arruda aí… Você leu a reportagem? O Diego Escosteguy trabalhava na Veja, fez a reportagem em setembro, a Veja não publicou, pediu que queria soltar agora, ele pegou e soltou. Mas você viu que na Época ele deu uma recuada, né?

Demóstenes – Aquilo, se sai em setembro, ia fuder com meio mundo, né.

Cachoeira – É, mas eu vi um negócio, o Policarpo ajudou também, viu. Ia fuder mesmo. Mas você viu que ele ficou com medo e recuou. Tenho certeza que ele recuou foi por causa do seu nome.

Demóstenes – É, sujeito à toa. Vamos ver o que a gente vai fazer.

Cachoeira – Fosse você não fazia nada não. Deixa esse homem pra lá, tá mais do que na cara, isso é retaliação dele, você bateu tanto nele. Tem que virar as costas pra isso aí.

O que havia de tão constrangedor nesta entrevista?

Havia uma acusação de José Roberto Arruda contra Demóstenes Torres. Arruda disse ter sido perseguido por Demóstenes, embora ambos fossem do mesmo partido, porque o senador goiano tentou emplacar, como fornecedora do governo do Distrito Federal, uma determinada empresa.

A quem era ligada esta empresa?

Obviamente, a Carlos Cachoeira.

E, neste caso, não era a Delta.

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