Mais um araponga de volta às ruas

Publicado em: 05/06/2012

 O detentor dos segredos mais sujos de esquema criminoso de Cachoeira conseguiu liberdade nesta segunda-feira (4) após passar três meses preso no VI Comando Aéreo Regional (Comar). Conhecido como Dadá, o sargento reformado da Aeronáutica, Idalberto Matias de Araújo, é o principal espião da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, e suspeito de fazer grampos ilegais a pedido de dinheiro. Por decisão da Justiça o araponga, braço direito do bicheiro, foi beneficiado por habeas corpus concedido, na tarde de ontem, pela 3ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, composta por três desembargadores.

Na contramão da justiça, por unanimidade, o Tribunal Regional Federal entendeu que Dadá não é um dos cabeças do esquema e que a liberdade dele não representa risco à sociedade. Preso havia 96 dias, Dadá saiu agachado no banco de um camburão e não poderá viajar sem autorização do juiz, nem manter contato com outras pessoas ou empresas suspeitas de envolvimento no esquema. Há 12 dias, Dadá esteve na CPI ficou em silêncio e não respondeu perguntas dos parlamentares da comissão. Segundo o advogado, vai continuar calado. Para a PF, além de atuar no esquema de arapongagem, Dadá também ajudava o bicheiro a procurar servidores de órgãos federais para tentar se beneficiar.

Na saída da prisão, o advogado do espião negou que o seu cliente recebesse dinheiro da Delta por meio da ONG Anjos do Handebol, entidade que seria patrocinada pela empreiteira de acordo com as investigações. Ele também afirmou que não houve acordo de delação premiada: "Jamais houve proposta séria."

 

Para hoje (5) estavam marcados os depoimento de quatro testemunhas na CPI do Cachoeira. Mas uma delas, a ex-chefe de gabinete do governador Marconi Perillo, Eliane Pinheiro, que havia feito um pedido ao Supremo Tribunal federal, para se manter em silêncio na CPI, não irá mais. O advogado dela informou, que ela teve uma crise de pressão alta e está internada.

 

Fique por dentro – A construtora Delta entrou ontem na Justiça do Rio de Janeiro com pedido de recuperação judicial. O processo é uma tentativa de a empresa repactuar judicialmente as dívidas. Com o pedido de recuperação judicial—na prática, uma medida legal voltada para evitar a declaração de falência—, a construtora apresenta a seus credores uma proposta para o pagamento dos débitos pendentes, muitas vezes com o alongamento do prazo de pagamento e com a possibilidade de redução do montante. A proposta precisa ser aprovada por uma assembleia de credores e a negociação é acompanhada pela Justiça. “A situação financeira da Delta tornou-se insustentável”, diz a construtora em nota, alegando que está sofrendo uma espécie de “bullying empresarial”. Ontem, o Supremo negou o pedido para suspender a quebra de sigilo decidida pela CPI.

 

RelembreApontado pelos investigadores da Polícia Federal como um dos protagonistas da Operação Monte Carlo, Dadá apareceu nacionalmente em 2008, na Operação Satiagraha, responsável pela investigação do banqueiro Daniel Dantas. O sargento reformado era acusado de levantar informações de maneira ilegal para o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP).

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