Mesmo com habeas corpus garantindo direito de silenciar, Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) falou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira para, que investiga a ligação de agentes públicos e privados com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Já na exposição inicial, ele pediu provas de seu envolvimento com o esquema.
Cláudio Monteiro entregou um documento à CPMI, em que abre mão dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. O documento se estende aos filhos, já que o ex chefe de gabinete foi acusado de usar um deles como laranja. Além disto, Monteiro apresentou declaração da Serasa com o demonstrativo de dívidas contraídas por seus filhos para a construção de um conjunto habitacional mostrado em reportagens como incompatíveis com a renda deles.
Sobre o rádio Nextel, que Monteiro foi acusado de receber para se comunicar com a quadrilha, ele questionou: “Desde então tenho perguntado reiteradas vezes e pergunto até hoje: onde está o rádio? Onde está a gravação de conversa feita com esse rádio?”, perguntou, pedindo ainda outras provas de envolvimento, como licitações em que tenha interferido ou o tráfico de influência. “Cadê a propina? Cadê a prova de mesada?”, perguntou.
Agnelo – Monteiro comparou as acusações que fazem a ele, como se ele fosse um boneco de ventríloquo. “Eu atendi todos os telefonemas e levei todos os recados: o governador precisa fazer isso e aquilo, cumprir esse e aquele compromisso de campanha. Entreguei ao governador todos os recados que recebi. Agora, não detenho a condição de fazer que o governador atenda esses recados. Não é possível transferir para mim a responsabilidade pelo não atendimento”.
Ele afirmou ainda que ganhar a eleição foi fácil para Agnelo, mas tem sido difícil governar, devido a uma ruptura completa com os métodos e comportamentos que predominavam no DF. “Predominava a cultura de se aproveitar do bem público de forma privada. O governo rompeu com isso. Não rouba, não deixa roubar e apura todas as denúncias. Por isso, tem colecionado inimigos”, disse.
Elogios – Monteiro recebeu elogios do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos oposicionistas mais atuantes na CPMI do Cachoeira, que afirmou que o ex-chefe de gabinete do governador Agnelo, poderia sair da reunião de cabeça erguida, pois seu depoimento até agora está sendo convincente.
Monteiro chorou emocionado ao afirmar que a CPMI deu a oportunidade a ele de se defender diante de seus amigos e de sua família e também dos eleitores e disse que pretende agora voltar a dormir, pois sua vida estaria em suspenso desde que foi acusado. “Não se pega vida de uma pessoa com 22 anos de serviço público e se rasga com expressões como ‘suposta fraude’ e ‘provável favorecimento’. Isso não se faz com ninguém”, afirmou.
Marcelão e Zunga – Após o depoimento de Monteiro, foi chamado o ex-assessor da Casa Militar do DF Marcelo de Oliveira para prestar depoimento. Marcelão, como é conhecido, usou o habeas corpus concedido pela ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficou em silêncio e foi dispensado.
João Carlos Feitosa, o Zunga, ex-subsecretário de Esportes do DF também tinha habeas corpus, concedido por Marco Aurélio de Mello, ministro do STF e decidiu não prestar depoimento e também foi dispensado.
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