A semana do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) promete. Na quarta (13) está marcado depoimento para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que investiga as ligações de agentes públicos e privados com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Nesta segunda (11), para jogar lenha na fogueira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recebeu documentos com provas obtidas na Operação Panacéia, da Polícia Civil de Minas Gerais e que estariam relacionadas com Agnelo.
A operação da PF em Minas apurou indícios de envolvimento de assessores de Agnelo com um grupo farmacêutico acusado de fraudes, formação de cartel e sonegação fiscal, o Hipolabor. Gurgel está analisando os documentos da operação Panacéia, que solicitou em 24 de abril à Polícia Civil, o Ministério Público e a Receita Estadual de Minas, pois como o governador tem foro privilegiado, não poderia ser investigado em Minas. Gurgel poderá pedir abertura de inquérito ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), se avaliar que as provas contra Agnelo são contundentes.
Novas denúncias – As denúncias remontam à época em que Agnelo era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a denúncia, o empresário Renato Alves da Silva, sócio da Hipolabor teria tentado agilizar processos de interesse da empresa através de Rafael de Aguiar Barbosa, hoje secretário de Saúde do DF e diretor-adjunto de Agnelo na Anvisa. Escutas telefônicas da PF flagraram Renato pedindo que o lobista Francisco Borges, ex-assessor de Agnelo na Câmara dos Deputados, pressionasse Rafael Barbosa. O deputado federal Fábio Ramalho (PV-MG) também foi acionado pelo grupo para marcar audiências na Anvisa.
Rafael Barbosa divulgou nota na tarde desta segunda (11), afirmando que não autorizou ninguém a usar o seu nome em conversas de qualquer natureza. “Respondo por tudo o que faço e por tudo o que falo. Mas não tenho controle nem responsabilidade pelo que terceiros falam ao telefone”, diz o comunicado. Já o deputado Ramalho confirmou que agendou audiências para a Hipolabor e mais duas ou três empresas mineiras na Anvisa, mas ressalta que agiu como representante de Minas e que fez “tudo dentro da lei” e que nunca esteve com Agnelo na Anvisa.
CPMI – Agnelo afirmou à imprensa que está “com vontade” de ir à CPMI do Cachoeira no Congresso Nacional. “Eu vou! Estou tranquilo e preparado. Estou é com vontade de ir (à CPI)!”, declarou durante visita oficial ao Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha na última quarta (06).
Agnelo é citado em gravações da Polícia Federal e suspeito de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, que teria operado para dirigir uma licitação milionária em 2011. Agnelo afirma ter documentos provando que o esquema de Cachoeira não vingou no DF e que a Delta foi alvo de investigação pelo GDF, que fez uma auditoria em 2011 no contrato de Serviço de Limpeza Urbana (SLU), recentemente rescindido (+aqui).
Na semana passada, dois deputados federais petistas que ocupavam secretarias no GDF voltaram para a Câmara dos Deputados: Paulo Tadeu (Governo) e Geraldo Magela (Desenvolvimento Urbano, Regularização e Habitação), que alegaram querer participar das discussões da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas deverão aproveitar o ensejo para reforçar a defesa de Agnelo no Congresso Nacional.
Este início de semana o governador está sem agenda pública, para se preparar para o depoimento. Nesta segunda (11) ele se reuniu com o Conselho Político de Governo, formado por 17 partidos. A base aliada reforçou o apoio ao governador e os partidos avaliaram o cenário político neste momento que o GDF vem sofrendo ataques.