Nesta quinta (17), o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira rejeitou requerimento apresentado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), para resgatar informações do jornalista Policarpo Júnior, à CPI dos Bingos, em 2006.
O fato causou discussão entre os parlamentares da CPMI que investiga as ligações entre o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entre agentes públicos e privados. Policarpo é diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília e foi flagrado em mais de 200 ligações interceptadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, mas a CPMI deve deixar essas gravações de fora das apurações.
Collor lembrou em seu requerimento, que Policarpo testemunhou a favor de Cachoeira na CPI dos Bingos e pediu que a CPMI destacasse desse depoimento as partes que indicam a relação com Cachoeira. “É necessário que pincemos esses trechos para que fique comprovado um conluio entre Policarpo Júnior e Cachoeira”, argumentou.
Prós e contras – O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) saiu em defesa e classificou o pedido de Collor como atentado à liberdade de imprensa e de caráter persecutório. “A função do jornalista é investigar. O jornalista de investigação conversa sim com pessoas próximas aos crimes”, defendeu. Corroborando com Miro, o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que Collor estaria fazendo um "acerto pessoal" com a imprensa e disse que o requerimento tem “inconstitucionalidade chapada”.
Ao contrário de Odair, outros deputados e senadores do PT apoiaram o pedido de Collor. Para o deputado Paulo Teixeira (MG), o pedido não tem a intenção “de investigar a imprensa” e sim de apurar uma possível conduta inadequada do jornalista. Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, concordou com a pertinência do resgate das informações e disse que os integrantes da comissão estavam considerando o jornalista “um intocável”. “Parece que tem intocáveis aqui, mas não se enganem, tudo virá à tona”, destacou.
