Primeiro depoimento de CPMI: sem novidades, mas confirmando suspeitas

Publicado em: 09/05/2012

Nesta terça (08) integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira afirmaram após a primeira sessão de depoimento a portas fechadas (+aqui)  que a Procuradoria-Geral da República precisa explicar os motivos que levaram o inquérito da Operação Vegas para a gaveta. A investigação sobre o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira entre 2007 e 2009 apontou a ligação com agentes públicos e privados foi encaminhada em 2009 ao procurador-geral Roberto Gurgel, que não deu prosseguimento às investigações (+aqui).

Na semana passada, Gurgel foi convidado a depor e recusou o convite, alegando que seu depoimento poderia ser impedimento futuro para atuar no caso. Agora ele deve ser convocado oficialmente. De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), após mais de sete horas do depoimento do delegado responsável pela operação, Raul Alexandre Marques de Souza, o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e dos deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) com a organização de Carlos Cachoeira foi confirmado oficialmente.

Randolfe, que achava desnecessário cobrar explicações da PGR, alegando que convocar Gurgel, seria “abrir o cofre aos bandidos”, pois daria indícios da apuração criminal contra os investigados da Polícia Federal que vão depor na CPMI. O senador mudou de opinião e disse que a comissão precisa de explicações da subprocuradora da República Cláudia Sampaio, esposa de Gurgel, que recebeu os documentos da Polícia Federal, mas não arquivou nem encaminhou a investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Já o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), acredita que a próxima reunião dos integrantes da CPMI deverá discutir a necessidade de novas convocações.  “O tema merece nossa reflexão, mas a necessidade de novas convocações deverá ser tratada na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para o dia 17 de maio”, disse.

E agora, Gurgel? – Ao recusar o convite Gurgel alegou que seu depoimento poderia torná-lo impedido de atuar nos inquéritos que tratam do caso e disse através de nota que os documentos da Operação Vegas, recebidos em 2009, eram insuficientes e que só acionou o STF ao receber o material da Operação Monte Carlo, em março deste ano.

Discordando de Gurgel, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou que “não há nenhuma justificativa para essa demora de três anos” para abrir um inquérito e afirmou também que o depoimento do delegado Raul Alexandre “resulta na conclusão de que Gurgel deve depor na CPI”. Cândido Vaccarezza (PT-SP) concorda com Teixeira e lembrou que a omissão é um fato grave, porque tornou necessária uma outra operação, a Monte Carlo, com os mesmos nomes, para que providências fossem tomadas.

O grifo de Câmara em Pauta é que Gurgel tem razão sobre impedimentos, mas não é o fato dele depor na CPMI, mas o simples fato dele ter sido omisso que o impede. Assim como os deputados Luiz Pitman (PMDB-DF) (+aqui) e Fernando Francischini (PSDB-PR) (+aqui) não deviam estar atuando neste inquérito. Certo está o senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) que na abertura dos trabalhos da CPMI questionou a presença do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), por ter suspeitas pairando sobre ele. Dois pesos e duas medidas?

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