Nesta terça (08), dois atos de protesto pedem a convocação do empresário Roberto Civita na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a ligação de agentes públicos e privados com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Um pela internet, chegou aos assuntos mais comentados no microblog twitter, com a tag “#CivitanaCPI” que esteve entre os assuntos comentados no Brasil e no mundo. O comentário principal era sobre uma manifestação em frente à Editora Abril de propriedade de Civita.
O movimento foi convocado pela União da Juventude Socialista (UJS) e o foco era a Revista Veja, que de acordo com o inquérito da Polícia Federal, serviu ao esquema de Cachoeira, principalmente através do diretor da sucursal da revisa em Brasília, Policarpo Júnior, flagrado em mais de 200 interceptações telefônicas com o bicheiro.
Para Ismael Cardoso, diretor de comunicação da UJS, o ato não tem por finalidade a cassação de nenhum veículo de informação. “Estes veículos devam ser tratados como suspeitos e convocados para depor na CPI do caso Carlinhos Cachoeira. Precisamos denunciar a sociedade o banditismo que se instalou nos meios de comunicação”.
As investigações apontam que o grupo de Cachoeira fazia grampos ilegais e passava para Policarpo, que publicava na Veja. Episódios como o grampo dos Correios, que levou ao escândalo do Mensalão, o grampo sem áudio entre o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e as câmeras instaladas no Hotel Naohum para vigiar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT).
Murdoch – Roberto Civita tem sido comparado com o empresário inglês Rupert Murdoch, empresário do mesmo ramo e que também se envolveu com um caso similar de gravações ilegais. Para os que defendem a convocação de Civita, o episódio reforça a necessidade da criação de um marco regulatório para a comunicação no Brasil.
Também incomoda o silêncio sistemático dos grandes veículos de comunicação sobre o envolvimento de Veja com Cachoeira, com exceção da TV Record. Nesta terça (08), um editorial do jornal O Globo saiu na defesa de Civita das acusações de envolvimento com Cachoeira, com o título “Roberto Civita não é Rupert Murdoch”, o texto defende o empresário, acusando veículos de comunicação de atuar como “linha auxiliar de setores radicais do PT desfecharam uma campanha organizada contra a revista Veja”.
Na opinião do blogueiro Altamiro Borges, presidente do instituto Barão de Itararé, a revista se utilizou de práticas criminosas desde escutas ilegais à complacência com o crime organizado. “O caso é muito parecido com o que ocorre na Inglaterra, com Ruperth Murdoch, denunciado por crimes parecidos com os que a revista Veja cometeu. Precisamos denunciar”, afirma Borges.
CPMI – A CPMI do Cachoeira começou seus trabalhos na quarta (02), aprovando o plano de trabalho preliminar, proposto pelo deputado federal Odair Cunha (PT/MG), relator da comissão. Também foram aprovados requerimentos para ouvir os policiais federais e procuradores responsáveis pelas Operações Las Vegas e Monte Carlo, além de Cachoeira, Demóstenes e outros integrantes da quadrilha. Porém até o momento Policarpo Jr e Civita não foram convocados.