“Tenho um governo contra mim”. Disse o deputado federal Izalci Lucas (PR – DF) ao comentar a investigação de que teria desviado mercadorias doadas pela Receita Federal à Secretaria de Ciência e Tecnologia (SeCTi) (+aqui), quando ele era o secretário, na gestão de José Roberto Arruda. Ele diz ainda que o pedido de doações ao Fisco é comum nas secretarias, mas que não há escolha das mercadorias.
Ele afirma que todas as mercadorias foram doadas a pessoas carentes, por meio do programa DF Digital, que atua na inclusão social na área de informática, inclusive sutiãs, meias e fixadores de dentadura. Segundo Izalci, quem recebeu todas as doações foi a Fundação Gonçalves Ledo, entidade privada contratada pelo Executivo como parceira na execução do DF Digital.
Através de nota, Manoel Tavares, ex-presidente da Fundação Gonçalves Ledo na época do episódio disse que os produtos foram encaminhados em um caminhão, no segundo semestre de 2009, e armazenadas numa sala da entidade no Recanto das Emas a pedido de Izalci e que apenas integrantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia tinham acesso. “Nenhum funcionário da Fundação Gonçalves Ledo teve qualquer acesso às mercadorias guardadas na sala”, diz a nota.
Perseguição – O deputado acusa a gestão atual do GDF de tentar montar uma denúncia, para prejudicá-lo com interesse político, segundo ele, o motivo é o fato de ele usar constantemente a tribuna da Câmara dos Deputados para criticar o governo de Agnelo Queiroz (PT). "Recebi recados de que vasculhariam a minha vida e poderiam armar algo contra mim porque denuncio e vou continuar denunciando irregularidades deste governo", afirma completando ainda que o GDF tenta desmoralizá-lo para inibir as críticas. “Não vão conseguir me calar”, disse.
Izalci sustenta que terá as condições de se defender nos foros isentos, caso seja chamado a prestar esclarecimentos, mas que a documentação que comprova a doação dos computadores pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e das mercadorias pela Receita Federal, teria “desaparecido”.
Produtos – Em 29 de julho de 2009, a SeCTi-DF recebeu do TCU 200 microcomputadores seminovos, que deveriam ser usados no Programa DF Digital. Recebeu ainda produtos apreendidos pela Secretaria da Receita Federal na fronteira com o Paraguai, como videogames, sutiãs, meias, perfumes, baralhos fitas de vídeo, fixadores de dentadura, capas de celular, baterias, máquinas de costura, calculadoras dentre outros.
A Promotoria de Justiça de Tutela das Fundações e Entidades de Interesse Social, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu denúncia de que computadores doados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) à Secretaria de Ciência e Tecnologia teriam sido destinados ao escritório político do deputado federal Izalci Lucas (PR-DF), no Setor de Diversões Sul.
O MPDFT recebeu fotos, que seriam de um centro de atendimento a eleitores mantido por Izalci, mostrando equipamentos com números de tombamento no TCU. O caso está sendo investigado pela 3ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) do Ministério Público do DF. Izalci afirmou que as fotos dos computadores teriam sido montadas.
Como o parlamentar tem prerrogativa de foro privilegiado, o episódio também está sendo analisado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
