A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Eliana Calmon, denunciou mais um estratagema de bastidores do judiciário, que pode atrapalhar a apuração de crimes praticados por magistrados. Em discurso na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no dia 4 de maio, a magistrada disse que “elites podres do país querem infiltrar gente dentro do CNJ para minar a instituição”.
Eliana falava sobre o advogado Emmanoel Campelo, que prestou ao longo do tempo serviços à cúpula do PMDB na Câmara, especialmente para o líder Henrique Eduardo Alves (RN), de quem é conterrâneo e foi assessor, cujo nome foi aprovado para o CNJ, de maneira que Eliana considera duvidosa pelos deputados e também recebeu o aval do Senado, de forma idem. A nomeação de Emmanoel depende da presidenta Dilma Rousseff (PT).
O indicado do Congresso ao CNJ causou reações não só na corregedora. Um dos conselheiros que têm um processo contra o pai de Emmanoel Campelo, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Emmanoel Pereira, que é investigado sob sigilo por suposta prática de improbidade administrativa, além de denúncias por suposto tráfico de influência. Além destes dois casos, o pai de Emmanoel responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é acusado de nomear um funcionário fantasma para seu gabinete em 2004.
Assim como Eliana, outros conselheiros disseram à imprensa que consideram estranho, não só o filho de um magistrado investigado pelo CNJ assumir o posto de conselheiro, mas a forma como sua indicação foi feita e aprovada. A indicação foi feita no fim de dezembro, assinada pelo deputado Henrique Eduardo Alves que é amigo de Emmanoel Pereira e conseguiu apoio de 13 partidos. Para aprovar a indicação, o deputado aproveitou a última sessão da Câmara em 2011 para articular a indicação de Campelo para a vaga do CNJ e teve 360 votos contra 11.
Outro fato que estranha os conselheiros é a aprovação do nome de Campelo ter ocorrido quase seis meses antes do fim do mandato do então ocupante da vaga Marcelo Nobre. Eliana Calmon tem dito que a “infiltração” ainda não aconteceu numa clara alusão de que a efetivação do descalabro depende do aval da presidenta e há pressões para que Dilma vete a indicação. Contudo há um entendimento de que vetando, Roussef poderia sofrer um desgaste político com a Câmara.
Vamos fazer mais uma campanha Veta Dilma?
Com informações da IstoÉ.