Após a operação Saint Michel da Polícia Civil do Distrito Federal, desdobramento da Operação Monte Carlo da Polícia Federal que no dia 29 de fevereiro levou o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira e mais 34 à prisão. Pouco mais de dois meses depois, promotores de Justiça do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu oito prisões preventivas, inclusive mais uma para o bicheiro, que está no Complexo Penitenciário da Papuda.
A ação tramita na 5ª Vara Criminal de Brasília e propõe ação penal contra integrantes do grupo do bicheiro por formação de quadrilha e tráfico de influência, desta vez voltada para crimes cometidos especificamente no DF. Cachoeira, Cláudio Dias Abreu, ex-diretor da Delta Construções no Centro Oeste; e Heraldo Puccini Neto, diretor da construtora foram denunciados pelo MPDFT por formação de quadrilha e tráfico de influência.
Também foram denunciados o contador da organização criminosa, Giovani Pereira da Silva, que está foragido da Justiça desde 29 de fevereiro; Gleyb Ferreira da Cunha considerado um dos principais articuladores do esquema; o vereador de Anápolis (GO) Wesley Clayton da Silva (PMDB); e dois supostos lobistas Dagmar Alves Duarte e Valdir dos Reis.
A denúncia – O MPDFT se baseou em documentos e conversas obtidos através das operações Monte Carlo e Saint Michel, para apontar os indícios da tentativa de ingerência na licitação para o controle da bilhetagem no sistema de transporte coletivo do DF. Segundo a denúncia apresentada pelo MPDFT, o esquema previa uma associação entre a Delta e a empresa EB CARD.
Desta vez, o motivo seria um suposto esquema de fraude no processo de licitação para controle da bilhetagem eletrônica do sistema de transporte público no DF, em um negócio avaliado em R$ 60 milhões, que não foi concretizado, mas a tentativa de ingerência no processo é crime previsto no artigo 332 do Código Penal. O grupo tentou manobrar a licitação para que a Delta Construções detivesse o controle da bilhetagem de todo o sistema de transporte coletivo do DF.
Nas conversas entre Cachoeira e Gleyb, há citações ao diretor administrativo do DFTrans, Milton Martins de Lima Júnior, que foi afastado preventivamente das funções, mas ainda é tratado como testemunha. Na Operação Saint-Michel, os investigadores encontraram no celular de Gleyb, uma foto de Milton numa reunião com empresários coreanos em Brasília. Ele nega envolvimento com o grupo.
Também na Saint-Michel, os investigadores encontraram no computador do ex-servidor da Secretaria de Planejamento Valdir dos Reis, uma minuta de licitação para bilhetagem eletrônica. Já na casa de Dagmar, foram encontrados três documentos de identidade, com sobrenomes diferentes, e dois CPFs.