Nesta segunda (16), a Câmara Legislativa do Distrito recebeu um pedido de impeachement para o governador Agnelo Queiroz (PT). O movimento Adote um Distrital tomou a iniciativa de protocolar o pedido. Os integrantes do movimento afirmam que as informações trazidas pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, foram determinantes para a decisão pelo pedido.
Agnelo foi citado em ligações telefônicas grampeadas pela PF que o relacionam ao suposto esquema de corrupção do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro na Operação da PF. O governador nega ligações com o bicheiro. “A gente já vinha acompanhando as denúncias da Anvisa, do Ministério do Esporte. E a gente sempre sente o governador muito despreparado para responder essas denúncias. Ele nunca chegou a dar explicação convincente à sociedade”, afirma Diego Ramalho, um dos coordenadores do movimento.
Para Ramalho, a CLDF tem sido omissa na investigação das denúncias e já deveria ter convocado o governador para dar explicações, mas ao contrário, o governador convocou a Câmara para pedir apoio. “A gente espera que a CLDF analise ao menos o mérito do nosso pedido, estamos colocando todos os pontos que o governador não respondeu”, disse Diego.
Segundo a Coordenação de Comunicação Social da CLDF, a Casa não irá se pronunciar sobre o pedido de impeachment de Agnelo e sobre as acusações do coordenador do “Adote um distrital”.
GDF – O GDF se pronunciou através do porta-voz, Ugo Braga. Ele afirmou que as acusações citadas pelo Adote um distrital estão mal formuladas. “Sobre as acusações do Ministério do Esporte, uma das testemunhas disse ter recebido dinheiro para fazer. A acusação da Anvisa, a pessoa disse ter recebido proposta financeira de deputadas da oposição para fazer também”, disse Braga.
Ainda segundo o porta voz, as informações relacionadas à operação Monte Carlo não comprometem o GDF, porque não haveria evidências de irregularidades. “Não há nada que ligue o GDF ao grupo do Carlinhos Cachoeira ou a irregularidades em contratos. Falar em impeachment é golpismo e golpismo barato. Nesse momento, esse golpismo está a serviço do DEM e do PSDB e do grupo Roriz, que foram derrotados na eleição passada”, diz Ugo Braga.
PSOL quer CPI – O PSOL-DF informou que o presidente do partido no Distrito Federal, Antônio Carlos de Andrade, vai protocolar nesta terça (17) na CLDF uma petição cobrando a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias que citam Agnelo, o ex-subsecretário de Esporte João Carlos Feitosa, o chefe de gabinete do governador Cláudio Monteiro, entre outros, além dos indícios de favorecimento à empresa Delta. Para o partido a CLDF deve encabeçar essa investigação e apurar as denúncias.
Devem acompanhar Antônio Carlos na CLDF o presidente do PSOL Nacional, deputado Ivan Valente, e o líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar.
Gravações – O governador do Agnelo Queiroz foi citado nominalmente em conversas gravadas com autorização da Justiça em abril do ano passado pela Polícia Federal, nas investigações da atuação de Carlos Cachoeira, suspeito de explorar jogos de azar e subornar políticos para ter proteção e receber benefícios de governos.
Um dos diálogos flagra o ex-assessor de Agnelo Marcello Lopes em conversa com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais auxiliares do contraventor. Marcello fala sobre uma reunião, entre Agnelo, Rafael Barbosa, secretário de Saúde do governo do Distrito Federal e o ex-diretor do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU) João Monteiro. “Agnelo falou para o João diretamente, isso foi o Cláudio [Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste] me contando, pra cuidar da Delta, pra deixar tudo, pra não dar problema nenhum no lixo”, diz Marcello a Dadá.
Agnelo nega relações com o grupo de Carlinhos Cachoeira e chama de fantasiosas as tentativas de envolvê-los no escândalo. Marcello afirmou que o nome dele está sendo usado para atingir o governador e segundo Jorge Amarante, advogado de Lopes, a relação do seu cliente com Carlinhos Cachoeira não envolvia negócios com o governo e aconteceram antes dele ser assessor de governo. O secretário de saúde, Rafael Barbosa, falou que nunca se reuniu com João Monteiro e não conhece Cachoeira. Afirmou ainda que é secretário de Saúde e não tem nada a ver com lixo. João Monteiro repudiou a vinculação de seu nome aos fatos em apuração e colocou seus sigilos telefônico, bancário e fiscal à disposição através de nota.