Os carros de luxo e a informação “submarino”

Publicado em: 15/03/2012

 

 

A Câmara Legislativa do Distrito Federal finalmente votou hoje alguns dos vetos do Executivo que trancavam a pauta. Mas o tema preferencial da imprensa sobre a CLDF não são os projetos de lei, a pauta nem os deputados o que está acontecendo na Casa. Desde o mês de fevereiro, a grande mídia, especialmente o Correio Braziliense, declarou guerra ao parlamento local, mas não parece ter um alvo definido e a cada semana aparece uma novidade que estranhamente não reverbera nos corredores.

Após criticar gastos de verba indenizatória com aluguel de carros em fevereiro, o jornal passou o período de carnaval publicando o que chamou de “farra” dos distritais. Logo após o carnaval, a CLDF votou pela extinção dos tais subsídios extra. Aí o Correio trouxe à tona o que chamou de emenda submarino para facilitar a compra de veículos para os gabinetes. Estranhamente a maioria dos distritais não sabia do que o Correio estava falando. De duas uma: ou o Correio especula, ou os distritais mentem.

Submarino – De acordo com o Correio Braziliense, no dia 15 de fevereiro a CLDF aprovou uma emenda submarino*. O Projeto de Lei n.º 336/2011 teve 18 votos favoráveis e segundo o próprio jornal, 20 distritais disseram não conhecer o conteúdo, mas que os três membros da Mesa Diretora que subscreveram a emenda sabem, o que torna a matemática no mínimo curiosa, já que a CLDF tem 24 deputados.

Os três que conhecem o conteúdo, segundo o jornal, são Aylton Gomes (PR), Dr. Michel (PSL) e Olair Francisco (PTdoB). Nem mesmo o relator da tal emenda, deputado Wasny de Roure (PT), conhecia o conteúdo, ainda de acordo com o Correio. O jornal também publicou que 23 dos 24 parlamentares se dizem contra a aquisição dos veículos, que o jornal já tinha escolhido inclusive o modelo e feito o orçamento. Somente Eliana Pedrosa (PSD) não teria opinado sobre a possibilidade da compra.

Imprensa – O relacionamento entre a CLDF e a imprensa nunca foi exatamente uma lua de mel, mas desde que o Correio Braziliense abriu fogo cerrado contra a Casa, muitas revelações têm vindo à tona e parecem ser mais submersas que as tais emendas criticadas. Durante a votação pela extinção dos chamados 14º e 15º salários, os deputados Celina Leão (PSD) e Olair Francisco abriram a boca para reclamar sobre a verba publicitária recebida pelo jornal e reclamar que no ano passado chegaram a remanejar 50 milhões da educação para a publicidade.

Nesta quarta (14) o deputado Dr Michel (PSL) chamou o Correio de “jornalzinho vagabundo” e na terça (13) Patrício (PT) propôs aos colegas aprovar um projeto de lei, onde todos os veículos de comunicação recebam a mesma cota da verba publicitária, de forma transparente, “e não uma Rede Globo receba menos do que um jornal que tem circulação de 50.000 exemplares por dia”, disse o presidente da Mesa Diretora, afirmando que a CLDF não iria se curvar a nenhum jornal.

Nós do Câmara em Pauta não podemos negar a curiosidade sobre que assunto esse submarino que veio à tona quer jogar nas profundezas. O que será, que será?

* termo usado na política para passar batida a verdadeira intenção do que está sendo votado.

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