As águas turvas de Carlinhos Cachoeira

Publicado em: 11/03/2012


 

A Operação Monte Carlo deflagrada no último dia 29 pela Polícia Federal e que culminou com a prisão do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, além de policiais civis e militares, todos acusados de envolvimento na exploração ilegal de máquinas caça-níqueis em Goiás e na periferia de Brasília deixa uma ferida exposta na política brasileira, com a descoberta do envolvimento do empresário com políticos de diversos partidos que costumeiramente são adversários.

A Operação da PF desvenda a forte influência de Carlinhos Cachoeira na política goiana e a relação dele com diversos partidos, e o mais curioso é que nenhum dos amigos diz ter negócios com o empresário e alegam relações das mais diversas.

O senador Demóstenes Torres líder do DEM no Senado, por exemplo, é um dos “amigos” íntimos do empresário. Questionado quanto às relações entre os dois, ele alegou ser “conselheiro sentimental” de um assessor que foi largado pela esposa. Segundo Demóstenes, a mulher teria ido viver com Cachoeira e este seria o assunto tratado nas cerca de 200 horas de gravações telefônicas entre os dois.

As escutas telefônicas, aliás, comprovam a relação de Cachoeira com boa parte da bancada de Goiás na Câmara, como o deputado Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara, que disse ter ligado para pedir apoio eleitoral para a prefeitura de Goiânia, mas segundo Arantes, era uma “ajuda legal”.

Também são “amigos” de Cachoeira o deputado do PSDB Carlos Alberto Leréia, presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, que alegou relações familiares. Outro que a Operação Monte Carlo liga a Carlinhos o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladimir Garcez que por sua vez estaria ligado ao governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo (PSDB), que afirmou que “não lembra” o que falou com Garcez, mas que o amigo o teria ajudado a vender uma casa.

O PT também não fica de fora da grande lista de amigos de Cachoeira, não só pelo apoio de senadores Petistas a Demóstenes quando ele se defendeu na tribuna do plenário, mas pela descoberta de um vídeo em que Cachoeira ofereceria R$ 100 mil para o caixa dois da campanha do deputado federal goiano Rubens Otoni, gravado em 2004, quando o político disputou a Prefeitura de Anápolis (GO).

Trocando em miúdos, a lista eclética de amigos políticos de Cachoeira inclui DEM, PDT, PSDB e PT, mas todos eles negam que tenham algum tipo de negócio ou relação politica com o empresário. É ver para crer.

 

Artigos relacionados