A FIFA é que merece um pé na bunda

Publicado em: 04/03/2012

 

 

Neste sábado (03) numa coletiva de imprensa, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo declarou que o governo brasileiro não vai mais aceitar o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, como interlocutor para as negociações relacionadas à organização da Copa do Mundo de 2014 que será realizada no Brasil. Na sexta (02), ao criticar a demora em aprovar a Lei Geral da Copa, Valcke disse que o Brasil estaria precisando de um "kick up in the backside", algo que pode ser traduzido como uma expressão bem chula em português: um chute na bunda.

A Lei Geral da Copa estabelece regras para o mundial e tramita no Congresso Nacional tem causado uma série de polêmicas, já que a Fifa quer que o Brasil mude algumas leis locais, para atender expectativas da Federação. Um bom exemplo é a venda ou não de bebidas em estádios e a meia entrada para estudantes e idosos, que são dois pontos que atendem ao capital, prejudicam a população e são reivindicadas pela Fifa.

Ocorre que o Estatuto do Torcedor em vigência no país veta a presença nos estádios de "bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência". Já o texto do relator da matéria autoriza a comercialização de todo tipo de bebida nos estádios durante o campeonato, por exigência da Fifa, já que alguns dos patrocinadores do campeonato são empresas fabricantes de bebidas.

Durante a coletiva, Rebelo afirmou que "as declarações do secretário da Fifa são inaceitáveis, dificultam o ambiente de cooperação e entendimento entre o Brasil, que é um país sério, e a própria Fifa, entidade organizadora". Para o ministro, o governo brasileiro não pode receber esse tipo de comentário ofensivo sem se manifestar e, depois da declaração, Valcke não será aceito como interlocutor da Fifa no plano do governo. “Ele pode tratar de assuntos internos da Fifa, mas a interlocução com o governo não pode ser através de quem emite declaração desta natureza. Vou comunicar o presidente da Fifa, Joseph Blatter", afirmou. Em resposta, o secretário classificou a declaração do ministro como infantil.

Lei Geral da Copa – Um dos pontos de tensão entre o governo brasileiro e a Fifa é a votação do texto-base da Lei Geral da Copa na comissão especial da Câmara. A Lei chegou a ser votada na última terça (28), mas foi anulada após o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza apontar desrespeito ao regimento interno da Casa. Ocorre que a reunião da comissão especial ocorreu simultaneamente à sessão de votação do plenário, o que não é permitido pelo regimento. O projeto será novamente apreciado e revisados os 10 destaques que podem alterar o texto, antes da votação, que deve ser feita na próxima terça (6).

Foto, Reuters.

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