Hoje no Plenário do Senado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu providências do estado de São Paulo e do governo federal, para garantir proteção às vítimas da violência no último dia 22 de janeiro, durante a ação de reintegração de posse da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos no Vale do Paraíba em São Paulo e sugeriu que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acompanhe pessoalmente o caso, devido a sua gravidade.
Munido de um relatório do caso, elaborado pelo Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (Condepe), de São Paulo, o senador leu trechos com depoimentos de moradores que relatam que os policiais usaram de violência física e cometeram até abusos sexuais cometidos pelos Policiais Militares, que participaram da operação de cumprimento da ordem da Justiça estadual.
Suplicy pediu que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso Maria do Rosário, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, também tomem contra os policiais, já que segundo Suplicy, alguns policiais, no momento das agressões, fizeram ameaças de morte caso as vítimas viessem a denunciar os fatos, daí a necessidade das medidas de proteção àquelas pessoas.
O senador ressaltou ainda que as afirmações de que não houve violência policial durante a operação não "condizem com a realidade", já que os depoimentos de moradores, autoridades, jornalistas e outras testemunhas indicam que ocorreram "gravíssimos abusos" cometidos por parte da PM. Ele solicitou a inclusão do relatório do Condepe nos anais do Senado.
Negociações – O senador estava acompanhando pessoalmente as negociações junto com outros parlamentares e hoje no Plenário fez um longo relato dos esforços empreendidos para que a ordem de reintegração de posse fosse suspensa. Suplicy ressaltou que era importante a suspensão da ação, já que àquela altura havia indícios de que haveria entendimentos com os proprietários do terreno, para a destinação da área para assentamento definitivo da comunidade de cerca de sete mil pessoas.
Suplicy disse ainda que ele e os parlamentares chegaram a se encontrar com o próprio presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori, que teria sugerido um entendimento direto entre o juiz da 18ª Vara de Justiça de São Paulo, Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, e o síndico da massa falida da empresa proprietária do terreno, Jorge Uwada, em 18 de janeiro, véspera do massacre.
Uwada teria concordado em conceder 15 dias para o desfecho das negociações para resolver a questão dos moradores, inclusive admitindo que seu desejo era evitar violências na execução da ordem de reintegração, apesar da disposição contrária dos advogados da massa falida.
O senador conta que foi acordado logo cedo no dia 22, com a notícia de que a ação de despejo das pessoas começara por volta das 6h, com um efetivo de mais de 2 mil policiais. “Tal operação só ocorreu porque o juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, por razões que ainda precisam ser investigadas, inclusive pelo Conselho Nacional de Justiça, havia reconsiderado sua decisão anterior, quebrando o acordo firmado” disse Suplicy.
Clique aqui, para ver vídeo onde promotor de justiça desmonta a versão oficial, explicando porque não devia ter acontecido.
Clique aqui para ver depoimento de moradora que relata abuso ao Ministério Público de São Paulo.
Com foto e informações da Agência Senado.