Lindemberg Alves foi considerado culpado por 12 crimes, entre eles a morte da ex-namorada Eloá Pimentel em outubro de 2008, após mantê-la em cárcere privado por cerca de 100 horas no apartamento da família da jovem, em Santo André. A pena máxima prevista pelos crimes dos quais é acusado é de 100 anos, mas de acordo com a lei brasileira, ele não pode ficar preso por mais de 30 anos.
O julgamento de Lindemberg durou quatro dias e foi a primeira vez que o réu deu depoimento sobre o caso. Além do cárcere e assassinato de Eloá Cristina, Lindemberg foi condenado por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá; por outra tentativa de homicídio qualificado, com finalidade de assegurar a execução de outros crimes, contra o policial militar Atos Antonio Valeriano; cárcere privado de Nayara e dos adolescentes, colegas de Eloá, Victor Lopes de Campos e Iago Vilera de Oliveira; cárcere de Ronikson Pimentel dos Santos, irmão de Eloá; e disparos de arma de fogo.
Depoimento do réu – Esta foi a primeira vez que o acusado falou sobre o caso. Ele começou pedindo perdão à mãe de Eloá, confessou ter atirado nela, mas negou que houvesse planejado o crime. O motoboy afirmou ainda que ele e Eloá haviam reatado o namoro, mas que eles preferiram manter o retorno em segredo. "Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor. Estou aqui para falar a verdade, afinal, tenho uma dívida muito grande com a família dela", afirmou completando que "pela perda da família, eles são as vítimas. Se estou encarcerado, estou pagando por algo que eu fiz".
Ele contou detalhes do momento da invasão da PM ao apartamento. "Estávamos conversando os três no sofá. Infelizmente aconteceram algumas reações. A polícia estourou a porta e eu tomei um susto. Ela ameaçou um movimento e eu infelizmente atirei. Pensei que ela pudesse vir para cima de mim. Eu vi o movimento e atirei. Foi tudo muito rápido", afirmou. Segundo ele, em um dado momento os três estavam rindo da situação causada pela cobertura midiática.
Quando questionado sobre ter atirado em Nayara, Lindemberg disse que não se lembrava do fato e negou também ter atirado em um PM durante o sequestro e que se sentiu "traído" pela polícia quando tiraram o contato com a irmã e começaram a tirar as pessoas do local. “Foi uma quebra de confiança. Eu fiquei na dúvida com a polícia". Afirmou ainda que foi procurado por advogados que o orientaram a negar a autoria dos disparos, mas que Ana Lúcia colaborou para que ele dissesse a verdade.
Sobre o fato de andar armado, ele afirmou ter recebido ameaças de morte de um número de telefone desconhecido e de outro que não atendia quando ele retornou a ligação e comprou a arma de um "senhor" de quem não recorda o nome. Quando foi perguntado do porquê não se emocionava ao lembrar de Eloá, disse: "Eu não vim aqui para dar show, para comover ninguém".
Defesa – De acordo com a advogada de defesa, Ana Lúcia Assad (Foto), Lindemberg cometeu homicídio culposo na modalidade “culpa consciente”, que quer dizer com imprudência e considerou que ele manteve Eloá em cárcere privado, mas quanto a Nayara, não houve intenção de matar, mas lesão corporal culposa e não houve cárcere privado de Nayara, Iago e Vitor.
Ana Lúcia lembrou que pode pedir a anulação do julgamento. “Quero que conste em ata que diante de todos os processos feitos pela defesa durante o julgamento, a defesa reserva-se ao direito de pedir futura e necessária, nulidade”, disse.
Com informações de Agência Estado e Midiacon. Foto, Agência Estado.