Na última segunda (13) foi assassinado o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, conhecido como Paulo Rocaro, baleado na região central de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. A Polícia Civil de Ponta Porã instaurou inquérito para investigar o caso. A cidade fica na fronteira entre Brasil e Paraguai. Rocaro é fundador do site Mercosulnews e por quase 30 anos, trabalhou no Jornal da Praça, onde atualmente era editor-chefe.
Segundo dados do boletim de ocorrência registrado na 1ª Delegacia Policial de Ponta Porã, Rocaro dirigia seu carro, quando foi atacado por dois motociclistas que dispararam 12 tiros e fugiram. Ao menos cinco disparos atingiram o jornalista, que foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o hospital mais próximo, mas não resistiu aos ferimentos.
O delegado Clemir Vieira Júnior afirmou que a morte do jornalista tem indícios de crime encomendado. “Não descartamos nenhuma hipótese, mas as características são de crime de pistolagem. Os motociclistas chegaram atirando e fugiram sem levar nada”, afirmou. Segundo Clemir, as testemunhas do atentado disseram não ser capazes de identificar os motociclistas e as imagens de câmeras de prédios também não acrescentaram muitas informações.
A Polícia deve ouvir parentes, amigos e colegas de trabalho de Rocaro, em busca de informações que ajudem a identificar os responsáveis pelo crime. No local do atentado, foram encontradas cápsulas de arma de fogo, calibre 9 milímetros.
Ligações perigosas? – Uma das hipóteses levantadas para a morte do jornalista, é a possibilidade de o crime ter ligação com o tráfico de drogas, já que documentos da Vara do Trabalho de Ponta Porã e da Justiça Federal indicam que até pouco tempo, o empresário Fahd Jamil, conhecido como “Rei da Fronteira”, era um dos acionistas do Jornal da Praça, onde Rocaro trabalhava.
Jamil está foragido desde 2005, quando foi condenado, à revelia, a 20 anos de prisão por tráfico internacional de drogas. Mesmo assim, em 2007 a 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande condenou o empresário a mais de 12 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, por sonegação fiscal.
Inocentado da acusação de tráfico de drogas em 2009, o Rei da Fronteira não se livrou de outras acusações e em maio de 2011, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reviu a pena de mais de 12 anos por crime contra o sistema financeiro para dez anos e seis meses e em junho de 2011 o Supremo Tribunal Federal (STF) negou habeas corpus para que ele aguardasse o julgamento de recurso contra a condenação pelo crime de evasão de divisas em liberdade.
Jornalistas assassinados – De acordo com o Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), cinco jornalistas brasileiros foram mortos em 2011, sendo que dois dos casos tinham vínculos entre a atividade jornalística e as mortes. O Brasil é o 14º país mais inseguro do mundo para o jornalismo e o terceiro na América Latina.
Os mais violentos são Iraque, com 151 mortes no período, Filipinas, com 72, e Argélia, com 60. Em quinto lugar no ranking mundial, a Colômbia é o país latino-americano mais perigoso, registrando 43 mortes em 20 anos. Palco recente de violência contra os jornalistas, o México está em nono lugar, com 27 assassinatos.
Com informações do G1 e A Crítica. Foto, A Crítica.