Nas duas últimas semanas, a Câmara Legislativa do Distrito Federal esteve sob os holofotes da imprensa brasiliense, devido ao imbróglio do subsídios que os distritais recebiam no início e no fim de cada ano legislativo e que foram extintos em votação no plenário na sessão ordinária desta terça (28). Quase todos os distritais que falaram ontem sobre a votação pela extinção dos chamados 14º e 15º salários, apontaram a imprensa como grande responsável pela “injustiça” que lhes tiraria o direito aos R$ 40 mil reais.
Durante a novela do 14º e 15º salários, não faltaram matérias sobre o tema e uma específica foi bastante atacada ontem. No dia 24 de fevereiro, o Correio Braziliense publicou uma matéria com uma declaração da deputada Celina Leão que, já dissemos aqui no Câmara em Pauta, deu pano para manga e muito babado.
Nesta terça (29), a deputada entrou com uma ação indenizatória contra o jornal e no plenário, ela acusou o jornalista Ricardo Taffner da “tentativa de criar um factoide” e que ele teria usado uma “frase solta num contexto enorme”. A reportagem do Câmara em Pauta conversou com Taffner, que reafirma que ouviu de Celina exatamente o que escreveu na matéria.
Celina se referia às aspas da matéria atribuídas a ela, onde dizia: “Não sou hipócrita. Esse dinheiro faz falta para o meu mandato, até porque não recebo cota do governador”. Após isto, os deputados petistas Arlete Sampaio, Chico Vigilante e Wasny de Roure enviaram requerimento à mesa diretora, para que interpelasse a colega e pedindo que ela apontasse quem receberia as tais cotas.
No plenário, Celina reiterou o que disse ontem através de nota, que o termo teria sido usado para se referir a espaço político e que teve oportunidade de conversar com os colegas e que nenhum deles se disse ofendido. Arlete respondeu em aparte que estava tudo bem, já que ela afirma que “não disse o que disse”.
Bocas malditas – Das cotas políticas, o assunto foi até as cotas publicitárias. Primeiro foi Olair Francisco (PTdoB) que, ao externar sua indignação com a extinção do benefício, lembrou que no ano passado a CLDF tirou R$ 50 milhões da educação e realocou para publicidade. “A partir de agora, eu vou ser bem mais criterioso diante de algo assim”, afirmou dando a entender que poderia retaliar a imprensa questionando as cotas publicitárias.
Já Celina Leão, ao comentar a ação que move, disparou ainda que o Correio recebe mais cota publicitária que alguns outros meios juntos e mais que uma TV “que entra na casa de todas as pessoas”, mas mesmo assim, segundo ela, o jornal publica o que quer da forma que quer.
Por seu turno, Eliana Pedrosa reclama de outro factóide, já que seguno a deputada, ela nunca cogitou deixar a política desde que entrou, como menciona o Correio em matéria publicada nesta quarta (29), afirmando que, descontentes com a extinção do subsídio. “Eu nunca disse, cogitei ou mencionei nem em sonho que deixaria a política. Isso é uma tentativa de prejudicar a minha possível candidatura ao GDF”, declarou a deputada. Ela só não quis comentar se pretende acionar a justiça, como fez a colega Celina.
Civilidade aparente – Enquanto os parlamentares interpelavam a imprensa pela mobilização em torno da extinção das benesses, muitas reclamações, como a de Chico Vigilante, que afirmou que “doeu ser exposto na primeira página ado Correio”, lembrando que ele nunca esteve envolvido em falcatruas. As palavras dele foram consideradas irretocáveis por Eliana Pedrosa, Celina Leão e Olair.
Já outros parlamentares aproveitaram o ensejo para dar várias sugestões de pauta aos jornalistas. Agaciel Maia (PTC), por exemplo, lembrou do projeto de extinção da cobrança de estacionamento em shoppings, que “são espaços cedidos pelo GDF, vem alguém coloca uma cancela e cobra”, afirmou, pedindo ainda que a mídia com toda sua força e importância também se mobilize por essa proposição. Eliana Pedrosa (PSD) lembrou inclusive do estacionamento dos aeroportos, que além de ser cobrado, não emite nota fiscal.
Na tarde desta quarta (29), o clima entre parlamentares e os jornalistas presentes na casa era de civilidade, ao menos aparentemente. Vamos aguardar os próximos acontecimentos.
Foto, CLDF.