A Fundação Nacional do Índio (Funai) voltou atrás, e dois dias após afirmar que o assassinato de uma criança indígena da etnia Awá-Gwará, que teria sido queimada viva por madeireiros em Arame (MA) não passava de “boato infundado” e anunciou nesta quarta que vai enviar equipe para a região e “verificar a veracidade dos fatos”. Também informou que irá pedir apoio à Polícia Federal para as investigações. O caso teria acontecido em outubro passado, mas só veio à tona na semana passada, por meio das redes sociais.
A Funai divulgou uma nota em seu site, informando ter recebido em novembro a denúncia de um conflito na região, entre os madeireiros e os Awá e que na ocasião, servidores da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Awa-Guajá tentaram apurar os fatos mas não encontraram elementos que confirmassem a denúncia.
Neste mês, a Funai já havia mandado uma equipe que fez um relatório onde descartava o ocorrido, após uma visita de três dias. Porém, a coordenação geral da Funai determinou que as investigações tivessem continuidade. Segundo denúncia do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), além da execução, madeireiros que atuam ilegalmente na região queimaram a criança e a colocaram em uma cova em outubro do ano passado.
O anúncio oficial da continuidade das investigações acontece dois dias após a divulgação de um relatório da regional de Imperatriz do órgão, no Maranhão, que classificou a morte da criança como “boato” e “mentira”. No relatório, a coordenadora interina da Funai em Imperatriz, Raimunda Passos de Almeida, classificou a denúncia do Cimi como um “verdadeiro atentado à inteligência às pessoas de bem”.
Marchando como índios – Há um ditado que diz que os índios dançam como quem marcha sem sair do lugar. Neste caso, Funai parece estar fazendo assim, pois recebeu a denúncia ainda em novembro, segundo confirmou a própria entidade, quando o caso veio à tona. Quando outros órgãos e entidades tomaram para si o caso, a Fundação decidiu mudar a dança.
Ontem (11), o Cimi enviou nota sustentando a denúncia dos indígenas se apegando principalmente no fato de que a própria Funai flagrou a invasão de madeireiros na região durante a visita técnica que descartava o crime. Em seu comunicado, o Cimi criticou a falta de profundidade na apuração dos fatos, por parte dos técnicos da Funai. Já o Ministério Público Federal (MPF) no Maranhão informou, após reunião na tarde de terça (10), que vai investigar a denúncia.
Relembre o caso:
Madeireiros queimam viva criança indígena no Maranhão
Funai diz que morte de criança indígena no Maranhão é boato infundado
Mesmo depois do relatório da Funai, Conselho Indigenista sustenta denúncia