Conta a Bíblia, que durante a passagem de Jesus Cristo pela terra, ao chegar no templo e se deparar com os vendilhões que negociavam todo tipo de mercadorias e promoviam os jogos de azar, ficou irado e os expulsou da “casa de Deus”. Mais de dois mil anos depois, o templo maior da Igreja Católica, o Vaticano, foi acusado de corrupção pela TV italiana La7, que nesta quinta (26) revelou cartas escritas pelo arcebispo aos seus superiores, incluindo o Papa, falando na descoberta de uma rede de corrupção ligada a contratos, cujas quantias teriam sido superfaturadas.
Após a denúncia, o “delator” Carlo Maria Vigano (foto), foi transferido e nomeado embaixador da Santa Sé em Washington, em Outubro do ano passado. Ele era o “número dois” na hierarquia do Vaticano e segundo a imprensa italiana, sua mudança para os Estados Unidos foi provocada por ter denunciado suas suspeitas de casos de corrupção, que envolviam má-versação de recursos através de pagamentos indevidos a um conjunto de empresas que trabalhavam para a cidade-estado.
Vigano escreveu cartas ao Papa Bento XVI fazendo diversas acusações e dizendo-se vítima de uma campanha, orquestrada por membros do Vaticano, que estariam descontentes com a sua política de rigor financeiro. Numa das cartas, datada de 4 de Abril, o arcebispo afirma ter descoberto que alguns investimentos do Vaticano foram confiados a dois fundos controlados por banqueiros que pertenciam à Comissão de Finanças e Gestão. O arcebispo trabalhou como vice-governador da Cidade do Vaticano durante dois anos.
O Vaticano reagiu à polêmica através de um pronunciamento oficial em que o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, disse que a Igreja se reserva o direito de recorrer à via judicial contra a La7, contestando os conteúdos transmitidos. Ainda de acordo com o comunicado, a TV revelou documentos pessoais e, para a autoridade católica, a investigação tratou de forma “parcial e banal” um assunto “delicado”, mas confirmou a autenticidade dos documentos revelados.
Com informações da EuroNews. Foto, The Dialog.