Oi quer anular critérios de qualidade na banda larga

Publicado em: 16/01/2012

 

Por Idec e Convergência Digital – A Oi apresentou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pedido de anulação de vários artigos dos regulamentos de qualidade da banda larga, fixa e móvel, aprovados pela Agência em outubro do ano passado. O pedido foi protocolado ainda em dezembro de 2011, mas veio a público após a Anatel abrir prazo para manifestações da sociedade acerca do tema.

A operadora defende a invalidade de grande parte das metas de qualidade do serviço, envolvendo questões de atendimento ao consumidor, como limite no número de reclamações, e de desempenho da conexão. Os regulamentos foram aprovados após consulta pública que contou com importante mobilização da sociedade para a fixação de parâmetros adequados à prestação do serviço.

A advogada do Idec, Veridiana Alimonti, ressalta que as conquistas dos consumidores acerca do tema estão ameaçadas, inclusive as previsões que limitavam as variações na velocidade de conexão à rede, estabelecendo parâmetros mínimos e médios de conexão. Vale ressaltar que a anulação atinge também a qualidade do serviço de telefonia móvel, como complemento de chamadas e tempo de envio de mensagens de texto.

Diante do pedido da Oi, a Anatel publicou ontem (12) uma decisão que concede 15 dias para a manifestação da sociedade. O Idec considera a solicitação da empresa um grave retrocesso nos direitos dos consumidores e apresentará em breve suas considerações à Agência.

Campanha – O Instituto também já havia reivindicado a definição da variação máxima permitida na velocidade de conexão, de modo a garantir a qualidade de serviço ao consumidor, além de metas de rede ligadas à disponibilidade e resposta do servidor e de capacidade máxima de ocupação da rede, evitando sobrecarga.

Com o objetivo de reivindicar melhorias nesse setor, a Anatel foi alvo de uma campanha organizada pelo Idec, que instituiu toda quinta-feira como um dia de concentração do envio de mensagens ao Conselho Diretor da Agência. A campanha Anatel: garanta a qualidade de internet enviou cerca de 12 mil mensagens ao Conselho Diretor da Anatel, e contou com apoio da campanha Banda Larga é um Direito Seu!.

Entidades organizam protesto contra a Oi

“Seria patético a Anatel recuar e mudar de posição três meses depois. A Oi demonstra não ter apreço pela qualidade e os direitos do consumidor e merece ser criticada”, diz João Brant, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação.

A entidade, assim como demais integrantes da campanha Banda Larga é Um Direito Seu! e órgãos de defesa do consumidor farão manifestações formais, técnicas, à Anatel, mas também planejam mobilização política e popular.

“Temos uma reunião na segunda-feira (16/1) mas já fizemos alguns acertos. Vamos apresentar contra-argumentos e o que discutimos é o tempo da mobilização, se agora ou quando chegar ao Conselho Diretor”, completa Brant.

Com 15 dias de prazo – e um sistema que obriga as manifestações serem protocoladas nos escritórios da Anatel – a Superintendência de Serviços Privados da agência espera apoio popular às metas aprovadas em outubro.

“A sociedade tem que responder e contra-argumentar em defesa da qualidade dos serviços. Mesmo que implique em investimentos, é uma melhoria no serviço prestado”, afirma o superintendente da SPV, Bruno Ramos.

Os investimentos – ou a imposição deles por metas, na visão apresentada – é um dos argumentos da Oi no pedido de anulação feito à Anatel contra 25 artigos dos regulamentos de qualidade da Comunicação Multimídia e da telefonia móvel.

A operadora sustenta que os direitos do consumidor não podem ser convertidos em metas, especialmente no regime privado, no qual as obrigações são ilegais. Para a Oi, há “vício de motivação” até mesmo em a Anatel tratar do tema.

Em essência, a Oi mantém os argumentos já apresentados nas audiências e consulta pública sobre os regulamentos. E, em nota, insistiu que “não é prática internacional” o estabelecimento de metas nas ofertas de banda larga.

“A Oi informa que propôs e formalizou na Anatel a adoção de um sistema de medição de qualidade da rede de banda larga, bem como a divulgação dessa medição, por entidade independente, como medida de transparência para melhorar a percepção dos consumidores”, diz a operadora.

O sistema elaborado pela Anatel prevê a medição da qualidade por entidade independente, mas ainda assim a Oi quer que sejam anulados todos os artigos dos regulamentos que tratam dos critérios dessa medição.

Como, caso acatado, o pedido tornaria os regulamentos inócuos, a SPV entendeu que a consulta aos interessados – como previsto nos pedidos de anulação – deveria ser estendida a todos os brasileiros.

“São tantos artigos que a anulação impacta os regulamentos como um todo, com efeito potencial a 200 milhões de usuários da Internet e da telefonia móvel”, completa o superintendente Bruno Ramos.

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