Nobel da Paz para João Havelange

Publicado em: 11/01/2012

Um Nobel da Paz para o cartola do futebol João Havelange. Esta será a indicação do Brasil para o Prêmio Nobel da Paz de 2012. O pedido deverá ser feito esta semana, pelo presidente da Academia Brasileira de Filosofia (ABF), João Ricardo Moderno, para a Academia Sueca. A indicação do ex-presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), independente das recentes denúncias de corrupção envolvendo o candidato à láurea.

Havelange é suspeito de receber propinas da ISL, uma empresa de marketing esportivo que foi parceira da Fifa nos anos 1990 e abriu falência em 2001. Em dezembro do ano passado o cartola renunciou ao cargo no Comitê Olímpico Internacional (COI), devido às investigações de seu envolvimento no caso ISL. Também é suspeito do escândalo o ex-genro de Havelange Ricardo Teixeira, atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), além de outros dirigentes do alto escalão da Fifa.

Lances – Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange é carioca e tem 95 anos. Presidiu a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), de 1956 a 1974. A CBD congregava mais 24 esportes. De 1974 a 1998, dirigiu a Fifa, tendo organizado seis Copas do Mundo. Em sua gestão, visitou 186 países e trouxe a China de volta à Fifa. O país havia se desligado da federação por mais de 25 anos por motivos políticos. Além disso, o cartola atuou nos bastidores políticos do COI no lobby pelos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro.

O argumento da ABF para a indicação  é que o dirigente promoveu a paz através da difusão do futebol como negócio gerador de empregos e justiça social. “O João Havelange fez muito mais pela paz mundial do que outros ex-laureados. Fez mais do que Obama e Yasser Arafat, por exemplo. Parou a guerra Irã-Iraque, para a realização de jogos. Não deixou que questões raciais, ideológicas e militares influenciassem no esporte e ainda acabou com o racismo no futebol, integrando África, Ásia e o mundo árabe à Fifa, unindo o mundo”, afirma Moderno.

Gol Contra – Em dezembro passado, a Suprema Corte do estado de Zug, na Suíça, determinou que a Fifa revelasse os documentos sobre o caso da ISL. A empresa atuava marketing esportivo e tinha diversos negócios com a entidade, entre eles os direitos de televisão da Copa do Mundo. A Fifa tem 30 dias para recorrer da decisão da Suprema Corte da Suíça, em prazo que começou exatamente na data mencionada.

A acusação pública é de que dois dirigentes da Fifa, que tiveram o suborno comprovado, entraram em acordo com a Justiça suíça em troca de sigilo, devolveriam o valor financeiro resultante das negociações com a ISL. Segundo um documentário da BBC de Londres, os cartolas em questão seriam Ricardo Teixeira e João Havelange.

Foto, divulgação da ABF.

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