Massacre no Pinheirinho – Estado de São Paulo atropelou negociações

Publicado em: 22/01/2012

A operação de guerra montada neste domingo para a reintegração de posse da área do Pinheirinho em São José dos Campos, no Vale do Paraíba em São Paulo, atropelou as negociações, segundo o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência. Ele informou que o Palácio do Planalto vinha acompanhando as conversas sobre a retirada das famílias da área e trabalhava para uma saída negociada, com a definição de uma nova região para abrigar as famílias.

Segundo informações do deputado estadual Marco Aurélio Souza (PT), o dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias, mas para ele, Alckmin fez uma manobra para usar os parlamentares na desmobilização dos moradores para que a reintegração de posse ocorresse sem resistência.

De acordo com Marco Aurélio, o senador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) estavam à frente das negociações com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito Eduardo Cury (PSDB) o especulador Naji Nahas, proprietário da área, para achar uma solução negociada e ontem, Suplicy deu as informações aos moradores numa assembleia no Pinheirinho, que foram pegos de surpresa na manhã deste domingo. “Covardia com os moradores, para pegá-los desprevenidos. Quebra de palavra com os parlamentares importantes de São Paulo”, acusa. 

Marco Aurélio diz que qualquer pessoa que chegue na área do Pinheirinho, é recebida com bombas, inclusive a imprensa e parlamentares. “Eu guardei de ‘lembrança’ os resíduos da que a PM atirou contra mim. Se a amanhã o governador disser que a reintegração de posse do Pinheirinho foi feita de forma pacífica, eu tenho como provar que é mentira”, afirmou Marco Aurélio.

Guerra urbana – A Polícia Militar está desde a manhã deste domingo (22), para cumprir a reintegração de posse da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos. O terreno foi cercado por uma parte do efetivo e dois helicópteros Águia sobrevoavam o local e a polícia entrou com carro blindado, Tropa de Choque e uma equipe das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) de São Paulo no local.

As informações são desencontradas, mas a maioria dá conta de que o saldo seria de sete mortos, dentre eles uma grávida. “Mesmo as lideranças estão com dificuldade de obter informação. A tropa de choque fechou todas as entradas e saídas do acampamento. Ninguém sabe direito o que está acontecendo lá dentro”, afirmou o professor Paulo Búfalo, da executiva de Psol em São Paulo.

Invasão – O terreno foi invadido há oito anos. Os mais de 1 milhão de metros quadrados pertencem à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas. Cerca de 1.600 famílias vivem no local, segundo o censo da Prefeitura. Com o tempo, o Pinheirinho ganhou infraestrutura de bairro, com comércios e igrejas.

Disputa judicial – A reintegração de posse do Pinheirinho vem causando inclusive disputa entre órgãos judiciais. Na terça (17), a polícia já estava preparada para a invasão e, mas foi parada por uma ordem da Justiça Federal, juíza federal Roberta Monza Chiari, suspendendo a reintegração. O documento foi cassado ainda na terça, pois o juiz reconheceu que a competência do caso deveria continuar com a Justiça Estadual e a reintegração de posse continuava mantida. 

Durante a semana, os advogados do movimento de ocupação protocolaram novos recursos contra a decisão, mas todos foram negados pela Justiça Estadual. Na sexta (20), o pedido de desocupação foi anulado mais uma vez, pela Justiça Federal, através de liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo, aos representantes do movimento. A liminar ordenava que a decisão da juíza substituta Roberta Monza fosse novamente considerada, mas, a juíza estadual responsável pelo caso alegou que não havia sido notificada e que a ordem de despejo deveria ser cumprida imediatamente.

Com informações da Folha de São Paulo, Diário da Liberdade e Viomundo. Foto, Diário da Liberdade. 

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