O início deste ano de 2012 tem sido marcado por trazer à tona abusos cometidos contra indígenas pelo Brasil. Após o caso de uma criança morta no Maranhão e outra escravizada em Goiânia, desta vez as atrocidades teriam sido cometidas na Bahia.
Hoje (12) a redação do Câmara em Pauta recebeu a denúncia de que o território Tupinambá de Olivença, na Aldeia Guarani Taba Atã teria sido invadido por dez homens. De acordo com a denúncia, fato aconteceu em abril de 2011, mas os Tupinambá não foram ouvidos.
Segundo acusam as lideranças indígenas, por volta das 11h do dia 5 de abril do ano passado, dez homens chegaram à aldeia sem autorização judicial e ou documentos de identificação. Cinco deles se se diziam policiais e teriam ido ao local para filmar supostas irregularidades cometidas pelos Tupinambás, na cobrança de pedágio, no Areal, vizinho à aldeia Guarani Taba Atã.
Pedágio – A estrada de entrada do areal fica na via Olivença-Sapucaeira e um acordo teria sido feito entre lideranças indígenas e a proprietária do areal para que dois índios em dois turnos, tomassem conta da porteira da propriedade. Porém, além de não cumprir o acordo, a dona da fazenda teria tentado simular o pagamento dos funcionários, com uma câmera escondida, para forjar extorsão e como os índios se recusaram a receber o pagamento, cinco homens fortemente armados partiram para a agressão.
Durante a confusão, um índio foi baleado na perna e outros dois foram rendidos com violência. Outros índios fugiram para a mata, e chegaram a ser perseguidos pelos supostos policiais. Casas foram invadidas e um dos supostos policiais chegou ao extremo de ordenar que um índio paraplégico ficasse de pé, além de questionar “cadê as armas, cadê a maconha?”, teria dito o homem.
Versão única – A Polícia Federal (PF) chegou e em vez de tentar resolver o conflito, teria levado presos dois índios que tinham sofrido agressão, mas nada teria sido feito com os agressores.
Os Tupinambá contam ainda que a imprensa local chegou a noticiar o fato, mas não ouviu a versão deles. “A mídia tem divulgado fatos irreais como, por exemplo, de mortes ocorridas e a recusa do cacique da aldeia em dar entrevistas, sendo que o mesmo nem sequer se encontrava na aldeia”, afirmam ressaltando que querem que os invasores sejam punidos e que a mídia mostre as duas versões, em vez de criminalizar a tribo indiscriminadamente.
Areal – Os Tupinambá também querem o fechamento do areal. A exploração tem causado problemas ao meio ambiente, a exemplo dos impactos à nascente dos rios que deságuam no rio Sirihiba. “Queremos que o IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e órgãos competentes tomem as providências cabíveis em conformidade com a Lei”, afirmam.
A tribo pede ainda que seja feita a demarcação das terras tradicionais Tupinambá, já assinaladas pelo Relatório da Fundação Nacional do Índio (Funai), apresentado desde 2009, que indica uma área de 47,3 mil hectares, envolvendo os municípios de Ilhéus, Una, Buerarema e São José da Vitória, como território indígena.
“CARTA DO CACIQUE SEATTLE”
Os donos da terra – “A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará”.