Greve dos vigilantes tem apoio de Agnelo, mas não da procuradoria do GDF

Publicado em: 29/01/2012

 

A greve dos vigilantes, deflagrada na última quinta até pode ter recebido apoio do governador Agnelo Queiroz, mas a categoria não tem o mesmo apoio dentro do Governo do Distrito Federal, já que receberam uma ordem do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para que 60% da categoria volte ao trabalho. A decisão da juíza Maria Socorro de Souza Lobo, da 7ª Vara do Trabalho responde a uma ação civil pública, impetrada pela Procuradoria do DF, órgão que representa o governo local.  

A procuradoria pediu caráter de urgência e o retorno de ao menos 70% da categoria em seus postos. Segundo o autor da ação, o procurador Lucas Terto Ferreira Vieira, os vigilantes deflagraram a greve de maneira inapropriada e sem notificação prévia. Ele argumenta que, devido à paralisação, “podem-se perpetrar saques e violações a órgãos públicos e entidades privadas de relevância pública, como bancos, escolas e hospitais, bem como a cidadãos do Distrito Federal”.

No sábado, Agnelo disse que considera legítima a greve dos vigilantes e que espera que as empresas negociem com os trabalhadores, para que encontrem uma solução de consenso para o impasse. O governador afirmou ainda que em caso de continuidade da greve continue, poderá suspender contratos dos empresários com os órgãos públicos.

A decisão judicial vale para o Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal (Sindesv-DF), mas o presidente da entidade, Jervalino Rodrigues, afirmou no sábado (28) que nenhum vigilante deve retornar ao trabalho antes de segunda (30). Os representantes dos trabalhadores entraram com um embargo declaratório, pedindo esclarecimentos sobre como cumprir a decisão. “É uma liminar sem fundamento. O médico passa o remédio, mas tem de explicar como se toma”, reclamou Rodrigues.

Para o presidente do Sindesv-DF, o maior problema seria manter 60% dos vigilantes trabalhando em estabelecimentos com apenas um ou dois funcionários responsáveis pela segurança. Até que saia novo despacho do Judiciário, os vigilantes continuarão de braços cruzados e não se sabe se na segunda (30) os bancos poderão abrir normalmente.

Reivindicações – A paralisação de cerca de 80% dos vigilantes afeta 55 empresas do ramo no DF. Cerca de 20 mil pessoas trabalham no setor. O Sindesv-DF afirma que a greve foi deflagrada, porque os empresários não apresentaram uma proposta satisfatória. A categoria reivindica ticket de alimentação de R$ 25 por dia, 15% de reajuste salarial, além do reajuste de 8,33% em gratificações por risco de vida.

Já Irenaldo Pereira Lima, presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Sistemas de Segurança Eletrônica, Cursos de Formação e Transporte de Valores (Sindesp-DF), diz que os empresários já apresentaram uma contraproposta de reajuste de 16,68%, incluindo 9,94% de inflação acumulada pelos 16 meses sem reajustes salariais e 7% em gratificações por risco de vida, além de aumento no ticket de alimentação de R$ 13,5 para R$ 17, mas os vigilantes não aceitaram o acordo.

Enquanto o impasse não é desfeito e os dois sindicatos encontram um acordo, quem sofre é a população. 

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