O Instituto Datafolha divulgou neste domingo (29) uma pesquisa afirmando que a operação da Polícia Militar de combate ao tráfico e consumo de drogas na cracolândia, no centro de São Paulo, “tem apoio de 82% dos moradores da cidade” (sic). De acordo com o Datafolha, 72% dos entrevistados dão no mínimo nota 6 para a intervenção, 28% deram a nota máxima.
O instituto divulgou ainda que, entre as pessoas que têm o PT como partido de preferência, 83% concordariam com a operação policial, dando uma nota média de 7,4. Já entre os tucanos a aprovação da ação da PM seria de 90%, resultando em nota média de 7,9. A pesquisa aponta ainda que os mesmos entrevistados não acreditam que a ação resolva o problema. Para 82%, os usuários buscarão a droga em outra região da cidade e 57% afirmam que não é possível acabar com o tráfico e o uso de crack em São Paulo.
Para 24%, maioria dos entrevistados, os próprios usuários são os culpados pelo problema. Em segundo lugar os traficantes, com 22%, poder público estadual em terceiro, com 16%, o quarto lugar é do governo federal com 14%, por fim, a prefeitura com 6%. A leitura da mesma pesquisa feita pelo Câmara em Pauta mostra que em primeiro lugar estariam os governos, que juntos somam 36%.
Quem responde? – Um inquietante questionamento que nos veio ao ler a matéria da Folha de São Paulo, é: onde os pesquisadores foram entrevistar essa “maioria da população”.
Nos perguntamos ainda qual seria o resultado dessa pesquisa, caso as entrevistas tivessem sido feitas na missa de comemoração do aniversário de São Paulo, na última quarta (25), quando o prefeito Gilberto Kassab foi alvo de ovos e manifestações contra as ações na Cracolândia e na reintegração de posse em Pinheirinho. O governador Geraldo Alkmin (PSDB) era esperado pelos manifestantes, mas não deu o ar da graça.
Em frente à Catedral da Sé, onde era celebrada uma missa em comemoração ao aniversário da cidade, ativistas e movimentos sociais protestavam contra a truculência dos governos estadual e municipal nas ações higienistas. O ato intitulado “Especulação extermina: basta de trevas na Luz e em São Paulo!" começou na Praça da Sé e seguiu até a Cracolândia, onde houve atividades culturais. Segundo os organizadores, mais de 1.500 pessoas engrossaram as fileiras nesta luta.
Os manifestantes externavam indignação contra a ação truculenta, abuso de autoridade, racismo, violação de direitos humanos e tortura, exigindo que em vez da “limpeza” sejam implementadas políticas de saúde, moradia, educação, cultura e emprego e respeito aos direitos humanos e à dignidade das pessoas. Por sua vez, a Polícia Militar respondeu aos argumentos com spray de pimenta, bombas de efeito moral e cassetetes.
Após a passeata da quarta (25), movimentos sociais fizeram um “Churrascão Diferenciado”, pedindo o fim da dor e sofrimento na Luz. O protesto relembrava a campanha tucana nas eleições passadas, onde a jornalista Eliane Cantanhede afirmou que o PSDB era “uma massa cheirosa e diferenciada”. Os entrevistados do Instituto Datafolha devem ter sido essas pessoas de que falava Eliane.