Uma entrevista dada pela deputada federal Erika Kokay (PT) deu o que falar na Sessão Ordinária da Câmara Legislativa do Distrito Federal, da tarde desta terça (06). Distritais usaram a tribuna para criticar o fato de Kokay ter se voltado contra o projeto que unifica as carreiras de auditor e fiscal. O deputado Dr Michel (PSL) furioso, chegou a dizer que ela já passou pela casa e que não é mais da alçada dela.
Em seu discurso, Dr Michel leu um trecho da entrevista e disse que Erika “faltou com respeito para com os distritais e a Câmara Legislativa. Não participo de nenhuma falcatrua, nem quero burlar concurso público. É preciso mais respeito com os colegas que aqui estão. Não aceitamos ser chamados de corruptos por votar com nossa consciência”, destacou.
Erika Kokay esteve na CLDF para o lançamento da campanha do Laço Branco, de combate à violência contra a mulher, mas foi embora antes mesmo do início. Especulação ou não, a deputada deve ter sentido o clima pesar pro lado dela nos bastidores e saiu à francesa, antes do bate boca em torno de suas declarações.
Indignados – Depois de Dr Michel, outros deputados também externaram sua indignação com as declarações de Erika Kokay. Eliana Pedrosa (DEM) em aparte tentou colocar panos quentes, mas com tom jocoso, ao dizer que Kokay deve ter recebido informações equivocadas, já que o projeto ainda nem foi para as comissões. “Esse, por sinal é um projeto que veio do Executivo. Será que há alguma coisa errada por lá?”, questionou.
O líder do governo, Wasny de Roure (PT) também comentou o fato e afirmou que as declarações da colega petista não têm respaldo.”Cada um se posiciona conforme a sua consciência”, disse. Outro petista, Chico Vigilante, em tímida defesa, cobrou respeito aos deputados distritais e disse que “divergências internas do partido devem ser resolvidas no foro do próprio PT”.
De acordo com outro petista, o presidente da CLDF, deputado Patrício, a Casa discutiu o assunto em uma comissão geral e que não houve consenso na base do governo, mesmo depois de seis horas de discussão. “Vou me abster na votação para conduzir o processo da maneira isenta possível”, comprometeu-se.
Absurdo – A polêmica se deu por uma entrevista ao site Congresso em Foco, no último dia 3, em que Erika criticou a decisão do Governo do Distrito Federal (GDF) em cancelar o concurso para auditor da Receita Federal. A deputada é radicalmente contra o PL 559/2011, que unifica as carreiras de auditor e fiscal. Para ela, o projeto é “absurdo” e inconstitucional, além de ferir qualquer tipo de parâmetro legal.
Erika Kokay não poupou palavras e afirmou que “o Estado não pode ser uma capitania hereditária pós-moderna como vimos no governo anterior. O que aconteceu no DF foi ausência de controle, inclusive o controle dos órgãos estatais. Esse controle só é possível com o instrumento do concurso público, que é o instrumento mais democrático que nós temos”, afirmou.
Ela seguiu disparando que a CLDF estaria urdindo uma trama para burlar a Constituição, quando primeiro estabelece o critério de nível superior, em seguida ela nivela as tabelas salariais, com o argumento de que não significa aumento de custo para os servidores. Erika disse ainda que há na própria Casa uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra o projeto, o que demonstraria o problema. “Espero que o governador repense e volte atrás”, afirmou.