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Comitê do Capitólio intima Bannon pra depor sobre atentado

Publicado em: 24/09/2021

De Boston– Em seu briefing político diário, o New York Times publicou hoje no inicio da noite, que o comitê norte-americano que investiga os atos de atentado ao Capitólio no dia 6 de janeiro intimou altos funcionários que ocuparam cargos na Casa Branca durante o governo de Donald Trump para depor.

Quatro dos aliados mais próximos do ex-presidente foram convocados, aumentando o escrutínio do comitê sobre o que o ex-presidente estava fazendo durante o tumulto mortal. Os convocados a depor no comitê são Mark Meadows, ex-chefe de gabinete do ex-presidente; Daniel Scavino Jr., ex-vice-chefe de gabinete; Kash Patel, ex-chefe de gabinete do Pentágono; e Stephen K. Bannon, ex-conselheiro do Trump.

E o que Bolsonaro tem a ver com isso? Ao lado da repercussão do discurso falacioso do presidente brasileiro na assembleia da ONU em NY, sua presença como o único chefe de estado não vacinado contra Covid-19 a participar do evento, e outros episódios que envergonharam brasileiros pela rumorosa (e humorosa) representação do Brasil, a intimação de Bannon para depor sobre o atentado ao Capitólio é a noticia mais quente da semana no contexto da conexão EUA-Brasil.

O ex-coordenador da campanha presidencial de Donald Trump e estrategista político dito estar por trás da teoria conspiracionista QANON que fomenta governos extremistas de direita, Stephen Bannon (foto), é também um dos aliados do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

A aliança politica e de marketing entre ambos é executada através do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro. O deputado foi designado por Stephen Bannon como líder sul-americano do “Movimento” , uma frente tida como conservadora fascista que realiza uma  experiência global organizada por Bannon. O congressista recentemente participou de um “simpósio cibernético” nos Estados Unidos em que Bannon fez uma performance “para traçar paralelos especiosos” entre o sistema eleitoral brasileiro e o dos Estados Unidos, como assinala The Soapbox.

Bannon esteve presente em uma reunião no Willard Hotel, em Washington na véspera do atentado ao Capitólio, quando foram discutidos planos para tentar derrubar os resultados da eleição norte-mericana no dia seguinte, afirmou o comitê que apura o atentado. Ele foi citado como tendo dito: “O inferno vai explodir amanhã.”

Acontece que Eduardo Bolsonaro também estava nos Estados Unidos na ocasiãoEle visitou a Casa Branca e até postou fotos nas redes sociais que tirou com sua esposa ao lado da filha de Trump, Ivanka Trump. Um inquérito no Senado brasileiro foi aberto, exigindo esclarecimentos do ministro das Relações Exteriores, na época Ernesto Araujo, sobre qual papel o governo federal desempenhou na participação de Eduardo Bolsonaro em uma reunião de 5 de janeiro em Washington DC.

O encontro, que está sendo referido na mídia dos EUA como um “conselho de guerra”, foi supostamente realizado para planejar a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro, e contou com a presença dos filhos de Donald Trump, Rudolph Giuliani, Mike Lindell, Sidney Powell e outros assessores-chave / aliados da administração Trump. Eduardo Bolsonaro tambeem postou fotos em suas redes sociais com Mike Lindell, organizador do “simpósio cibernético” que Eduardo Bolsonaro recentemente participou.

A ficha de Bannon é bastante suja. Em agosto de 2020, ele e três parceiros foram presos e acusados ​​de conspiração por cometer fraude postal e lavagem de dinheiro em conexão com a campanha de construção do muro entre os Estados Unidos e o México propalada por Donald Trump durante sua primeira campanha presidencial.   Bannon e seus parceiros teriam enriquecido, apesar de prometerem que todas as contribuições iriam para a construção do muro. Bannon se declarou inocente e foi perdoado por Trump, eleito presidente, antes da data do julgamento.

O comitê de investigação do atentado ao Capitólio  está exigindo que os quatro assessores intimados entreguem documentos até 7 de outubro e façam depoimentos na semana seguinte. Em cartas transmitindo as intimações, o comitê disse que estava buscando informações sobre as ações de Donald Trump antes e durante o motim.

Meadows esteve envolvido no planejamento dos esforços para subverter os resultados da eleição, afirmou o comitê. Scavino estava em contato com Trump e outros que planejaram os comícios que precederam a violência de 6 de janeiro; e Patel estava em constante contato com Meadows no dia do ataque, disse o comitê.

As intimações foram feitas após o comitê obter registros detalhados sobre todos os movimentos e reuniões de Trump no dia do ataque, em uma série de solicitações feitas a agências federais que sugeriam que estavam se concentrando em qualquer envolvimento que o ex-presidente Trump possa ter tido no ataque, seja no planejamento ou na sua execução.

Qualquer coincidência dos acontecimentos no Capitólio envolvendo o ex-presidente norte-americano Donald Trump com a tentativa de golpe pelo presidente Jair Bolsonaro durante as manifestações anti-democráticas do últmo 7 de Setembro no Brasil é mera semelhança.

Ana Alakija é jornalista com mestrado em História pela Salem State University (EUA)

 

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