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Viúva de Paulo Freire participa de audiência sobre o centenário do educador

Publicado em: 29/09/2020

A vivacidade dos ensinamentos de Paulo Freire foi a tônica dos participantes da audiência pública remota da Câmara Legislativa do Distrito Federal na noite desta segunda-feira (28). Com a presença da viúva do educador, Nita Freire, o evento tratou sobre o Centenário de Paulo Freire, que nasceu em 19 de setembro de 1921 e, portanto, completaria 100 anos em 2021.

Nita Freire disse que para além da teoria filosófica, antropológica e política de educação que Paulo Freire deixou como legado, muito a emociona perceber “como dado de realidade o caldo cultural” que ele despertou nas camadas populares. Nesse sentido, ela elogiou o raper Gog, que fez uma apresentação em homenagem ao educador na abertura do evento, transmitido ao vivo pela TV Web CLDF. “Não existe cultura superior, culta ou inculta, existem culturas diferentes”, afirmou.

Sobre o atual momento, Nita refletiu que Paulo se antecipava ao tempo: “Após 22 anos que Paulo morreu, a sociedade está despertando para a diferença entre esperança e esperançar. A esperança é um substantivo, algo que não tem mobilidade, e quando Paulo diz esperançar ele substitui o substantivo por um verbo, e o verbo indica ação; é isso que precisamos ter agora, esperançar, mobilizar nossas forças, ações e conhecimentos para irmos em frente na tarefa de remodelar uma sociedade menos injusta do que esta que está sendo implantada no dia de hoje, esse é o nosso esperançar maior”. E acrescentou: “Paulo está em todos os cantos desse País, desde o sertão, nos lugares mais pobres, até nas Lives, onde estão divulgando a presença de Paulo Freire no mundo”.

Por estabelecer uma metodologia revolucionária, Freire é considerado um dos maiores educadores do mundo, destacou a mediadora do encontro, deputada Arlete Sampaio (PT). Ela lembrou a Lei federal 12.612/2012, que declara Paulo Freire o Patrono da Educação Brasileira e a Lei distrital 4.441/2011, Patrono da Educação do DF.

Nas comemorações do centenário, de setembro deste ano até setembro do próximo ano, acontecerá um conjunto de ações para relembrar o legado do educador. Segundo a parlamentar, o movimento de reafirmar o significado de Paulo Freire para a educação mundial adquire especial importância nesse momento, quando se assiste a tantos retrocessos nas políticas educacionais no Brasil e diante dos ataques que o educador vem sofrendo. Entre os muitos ensinamentos deixados pelo pernambucano, Arlete citou o que ela considera um princípio de vida: “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz de tal maneira e tal forma que num dado momento a tua fala seja a tua prática”.

Todos em Recife

O representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Gabriel Magno, frisou que setembro é o mês das jornadas latino-americanas de lutas em defesa da educação pública, laica e emancipatória, quando são realizadas diversas atividades, como o enfrentamento aos cortes na educação pública. Ele anunciou que, em setembro de 2021, diversos movimentos e entidades vão se reunir em Recife para comemorar o centenário e lutar pelo legado de Paulo Freire. Ao confirmar a participação do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro) no evento em Recife, a representante da entidade, Rosilene Corrêa, salientou a coerência e simplicidade de Freire, ao citá-lo: “Não saber é ponto de partida”. Corrêa considerou que o cenário de ataques a Paulo Freire, promovido pelo atual governo federal, provocou um movimento contrário ao que os detratores do educador desejavam, uma vez que despertou na juventude um renovado interesse pela obra de Freire.

O ano do centenário convoca à reflexão sobre educação emancipadora e a prática diária de superação de processos excludentes, para o secretário adjunto de Educação Básica da Secretaria de Educação do DF, Tiago Cortinaz. Do mesmo modo, a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Edileuza Fernandes, exortou a educação libertadora preconizada por Freire, pautada na consciência crítica, a qual estabeleceu um novo paradigma educacional no País. Já a deputada federal Érika Kokay (PT/DF) entende que a pedagogia da libertação de Paulo Freire é uma filosofia. Nesse sentido, o movimento em direção ao centenário representa a síntese de liberdades. “Rumo ao centenário para dizer que Paulo Freire vive”, conclamou.

 

 

Franci Moraes

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