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Seis policiais são indiciados por morte de brasileira em Lisboa

Publicado em: 18/11/2017

Todos os policiais envolvidos na morte da brasileira Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, atingida por um tiro, quando o carro em que estava foi confundido com o de assaltantes em Lisboa, na quarta-feira (15), permanecem em liberdade. O Ministério Público português abriu uma investigação para apurar as circunstâncias da morte da brasileira de 36 anos e indiciou 6 dos 7 policiais que participaram da ação. O sétimo não foi indiciado porque não estava armado e, portanto, não poderia ter efetuado os disparos.

Por ora, os agentes da PSP (Polícia de Segurança Pública) precisaram assinar um termo de identidade e residência, além de serem transferidos do patrulhamento das ruas para serviços administrativos da corporação. Esta foi a primeira morte provocada pela polícia em 2017 em Portugal, um país que tem níveis bastante baixos de violência policial.

O grupo está recebendo apoio psicológico. O Sindicato Nacional da Polícia de Portugal defendeu os agentes e criticou aqueles que classificaram a ação de truculenta pelo fato de terem sido feitos mais de 20 disparos contra o carro em que estava Ivanice e seu companheiro, ambos desarmados.
“É sempre muito fácil para alguns ‘comentadores de bancada’ virem criticar as ações policiais”, diz uma nota do grupo, segundo a qual “os polícias apenas têm segundos para decidirem as ações que devem tomar”. “Este sindicato está absolutamente convicto de que os mesmos não agiram com intenção de atentar contra a vida de quem quer que fosse, mas sim de imobilizar um veículo que estava em fuga.”

O Ministro da Administração Interna de Portugal, Eduardo Cabrita, lamentou o incidente, mas evitou responsabilizar os policiais. “A circunstância infeliz ontem [quarta-feira], verificada no quadro de uma perseguição, está neste momento a ser investigada pela Inspeção-Geral da Administração Interna, pelas autoridades judiciárias, pelo Ministério Público, no quadro das suas competências próprias. Tudo será apurado”, disse.

O CASO

Na madrugada de quarta, a polícia confundiu o carro em que Ivanice e o namorado estavam, um Renault Megane preto, com outro veículo da mesma cor que havia acabado de participar de um assalto a um caixa eletrônico. O automóvel dos assaltantes, um Seat Leon, havia escapado de uma perseguição policial minutos antes, em uma região próxima ao local onde a brasileira foi atingida.

Segundo a polícia, o motorista do Megane não obedeceu às ordens de parar o carro e, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, “que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos” e “foram obrigados a recorrer a armas de fogo”.

Fontes ouvidas pela reportagem dizem que o companheiro da brasileira, que não tinha carteira de habilitação nem seguro do carro, obrigatórios em Portugal, se assustou ao se deparar, na estrada, com vários carros da polícia. Ele, então, deu ré, bateu em uma parede e avançou contra os policiais, que atiraram.

O CORPO

O patrão de Ivanice Carvalho da Costa, a brasileira morta acidentalmente pela polícia portuguesa, se ofereceu para pagar o translado do corpo de Lisboa para o Brasil.

“O dono do café do aeroporto, onde trabalhava a ‘Nice’, vai pagar estas despesas”, revelou ao jornal português Expresso, a tia materna da vítima, Célia da Costa.

A brasileira foi atingida no pescoço e morreu antes de chegar ao hospital. Segundo a imprensa portuguesa, o carro em que ela estava com o marido foi atingido por pelo menos 20 tiros. Os policiais estavam em busca de um veículo modelo Seat Leon de cor preta usado por assaltantes que atacaram um caixa eletrônico. A vítima e o marido estavam em um Renault Megane preto, a caminho do trabalho, no Aeroporto de Lisboa.

Ainda conforme informações da imprensa portuguesa, o marido da vítima, que também é brasileiro, estava sem habilitação e sem seguro do carro. Por isso, quando recebeu ordem de parada da polícia, se assustou e tentou recuar. Após furar uma barreira, o veículo foi atingido por cerca de 20 disparos.

Mobilização de brasileiros

Contudo, antes de existir uma solução para o translado do corpo de Ivanice Carvalho da Costa, um ‘post’ dentro do grupo chamado “Apoio a brasileiros em Lisboa” na rede social Facebook, a jovem Raquel Froes, 25 anos, abriu um tópico com a sugestão de ajuda à família da vítima, para angariar fundos e colaborar com o envio do corpo para o país.

“Pessoal, hoje uma brasileira foi morta por engano em Portugal. O estado não se responsabiliza e a mãe não tem dinheiro para enviar o corpo para o brasil. Eu não a conhecia, nem de longe, mas fiquei emocionada com o assunto. Principalmente porque….. poderia ser qualquer um de nós. Acho que a comunidade brasileira se reúne pouquíssimas vezes aqui fora, mas agora não seria a hora? se cada um doasse no máximo 5 eurinhos já não fazia muita diferença? O que vocês acham?

Logo em seguida, mais de 200 brasileiros responderam ao chamado e se mostraram dispostos a ajudar financeiramente. Segundo Raquel, que inclusive é voluntária numa ONG de apoio a imigrantes em Lisboa, como não se podia contar nem com o Itamaraty e tão pouco com o Ministério da Administração Interna de Portugal no que diz respeito ao dinheiro, o jeito era se unir e contar com a solidariedade uns dos outros.

“Falei com a embaixada [brasileira] em Lisboa e eles já informaram que é pouco provável que o Itamaraty colabore financeiramente, já que teriam que fazer o mesmo com todos os imigrantes espalhados pelo mundo em casos similares. O ministério [da Administração Interna] de Portugal também não paga esse translado, pois assim assumiria um papel de culpa, o que não é ocaso”, explicou.

Raquel também informou que já havia entrado em contato com a família da brasileira em Amaporã, no noroeste do Paraná, e que eles disseram que não tinham condições financeiras para fazer o translado do corpo. Até a manhã desta sexta (17), a mãe da vítima Maria Luzia Silva Carvalho da Costa, dizia que o Governo português era quem tinha que providenciar o envio do corpo.

 

Com informações da Folhapress e Notícias a Minuto

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