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Que pretende a Lava-Jato? “Nova batalha contra empreiteiras”, por André Araújo

Publicado em: 14/02/2016

Do GGN : Segundo matéria de O GLOBO de hoje [abaixo], o grupo da Lava Jato irá abrir frente contra empreiteiras brasileiras que fizeram obras no exterior por supostos pagamentos de subornos a autoridades estrangeiras, o que vai causar furor politico nesses países, já citados o Peru.

Obviamente essa nova frente vai liquidar com a capacidade de empresas brasileiras obterem obras fora do Brasil, deixando o campo aberto para empreiteiras chinesas, coreanas, tailandesas, indonésias, turcas, sauditas, malaias, portuguesas, espanholas, russas, ucranianas, todas listadas no ranking das 500 maiores do mundo da revista americana Engeneerging News Record, já que não se tem informação de que os Governos desses países, onde têm sede essas empreiteiras, estejam fazendo campanha contra suas próprias empreiteiras.

Quando existe campanha anti corrupção contra contratantes de obras publicas, quem acusa são os Ministérios Públicos dos países onde essas obras são executadas, e nunca o Pais sede das empreiteiras. Não é normal Governos darem tiro nas suas próprias empresas que atuam no exterior, ao contrário, os Governos apoiam essas empresas para conseguir obras e se expandirem fora de seus territórios. A expansão é vista de forma benéfica para o país sede, gera negócios, divisas, presença econômica e diplomática, abre oportunidades de emprego para engenheiros e técnicos.

Auto mutilação de empresas nacionais será uma novidade que o Brasil apresenta ao mundo, é como aquele pai que entrega o filho à policia. A cruzada moralista paranaense continua a produzir estragos à economia brasileira. Agora no exterior, evidentemente vão pedir apoio de seus colegas nos países onde atuam as empreiteiras brasileiras para, assim, ferrá-las em duas frentes, para não deixar pedra sobre pedra na expansão dessas empresas, atacadas aqui e lá fora.

A expansão das empreiteiras brasileiras começou no Governo Militar com a Mendes Junior executando grandes obras no Iraque, depois a Mendes foi à Mauritânia e Argélia. A Odebrecht fez obras em 30 países e é a maior empreiteira de Angola, onde responde por 10% do PIB. A Andrade passou a operar na África através de uma construtora portuguesa por ela adquirida, outras medias também passaram a atuar no exterior. As empreiteiras brasileiras costumam  ser bem recebidas no exterior por sua capacidade de adaptação a países menos desenvolvidos, pela experiência acumulada no Brasil especialmente em hidroelétricas e rodovias em solos frágeis.

Essa presença brasileira significou a exportação de materiais e equipamentos brasileiros e a construção do renome da engenheira brasileira como competitiva de boa qualidade técnica, o que não algo tão comum em construtoras oriundas de países emergentes.

Agora, o Ministério Público se encarregará de liquidar esse capital acumulado em 30 anos de atividades fora do Brasil.

***

De O Globo

Empreiteiras podem ser processadas no Brasil por corromper no exterior

Lava-Jato levanta provas com o uso de mais de 30 acordos de cooperação

As empreiteiras flagradas na Lava-Jato poderão ser processadas no Brasil por corrupção de agentes públicos estrangeiros em obras executadas fora do país. Prestes a entrar no terceiro ano, a operação já mapeou os principais caminhos da propina no país. Na rota, chegou a movimentações financeiras internacionais, que vêm sendo apuradas em mais de 30 acordos de cooperação internacional, muitos deles em países onde as construtoras têm negócios.

O procurador da República Roberson Henrique Pozzobon, um dos integrantes da força-tarefa, afirma que a Lava-Jato se torna uma teia cada vez mais “robusta”, com informações que se entrelaçam.

— Com vários países investigando, a trama vai se fechar, incorporando novos fatos e novos agentes. Não podemos ser ingênuos e acreditar que essas empreiteiras, que corromperam na Petrobras, se restringiram a corromper só no Brasil. O modelo de negócios é um modelo corrupto, replicado em outras frentes e disseminado para outros países — afirmou.

O Brasil ratificou em 2000 a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais. Dois anos depois, o crime foi incorporado ao Código Penal, que passou a prever os crimes de tráfico de influência, promessa ou pagamento de vantagens indevidas a funcionários públicos estrangeiros em transações de comércio internacional.

Na avaliação de Pozzobon, o avanço das investigações permite ver a corrupção com mais nitidez. A base para seguir o dinheiro foi a identificação de falsos contratos de serviços ou consultoria, aliado ao superfaturamento de valores pagos a fornecedores.

— Ao contrário de contrabandistas e traficantes, que atuam à margem da lei, os empresários precisam dar uma maquiagem às suas contas. Esses contratos permitem dar baixa no dinheiro na contabilidade, gerando excedente para a propina — explica.

O operador Milton Pascowitch, por exemplo, que repassou dinheiro ao ex-ministro José Dirceu, movimentou mais de R$ 100 milhões por meio de falsos contratos de consultoria.

Para o procurador, houve um refinamento na lavagem de dinheiro no país, como o uso de inúmeras offshores (empresas fora do país), abertas em nome de terceiros. O real beneficiário surge apenas como procurador do laranja.

— No caso da Odebrecht, existiam quatro camadas de offshores até a chegada do dinheiro nas contas de Pedro Barusco ou Paulo Roberto Costa, funcionários da Petrobras — explica Pozzobon.

A Odebrecht nega ser dona das offshores e busca impedir o uso no Brasil de documentos encaminhados por autoridades suíças.

Pozzobon diz que as delações e a cooperação internacional são os trunfos da operação. Sem elas, os resultados não seriam tão rápidos. A Lava-Jato já condenou 62 pessoas e mantém outras 14 atrás das grades. Mais sete estão em prisão domiciliar.

— Temos muito a descobrir ainda no caminho das offshores — diz o procurador.

Pozzobon diz que o trânsito de dinheiro pelas offshores levará a outros fatos e agentes. O delator Roberto Trombetas contou ter intermediado pagamento de propina para a OAS, por obras no Peru e Equador. O valor supera US$ 15 milhões. No Peru, a força-tarefa que investiga obras de empreiteiras brasileiras foi batizada de Lava-dólar. Trombeta, porém, pode ter seu acordo de delação cancelado a pedido do MJ

OBRAS DE ARTE PARA LAVAR DINHEIRO

Obras de artes e reformas milionárias em apartamentos estão na mira da Lava-Jato. As investigações mostram que presentes e favores pessoais são algumas das formas utilizadas por operadores do esquema na Petrobras para lavar dinheiro desviado.

Nas galerias do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, está exposta quantidade expressiva de material fruto da propina desviada dos cofres da Petrobras. São mais de 270 obras de artes apreendidas nas 22 operações da Lava-Jato. O material é estimado em R$ 40 milhões.

Peças assinadas por artistas renomados como Picasso, Di Calvalcanti e Salvador Dalí eram alguns dos presentes. Só o ex-diretor Renato Duque tinha 131 obras de artes.

Além de quadros e esculturas, lobistas assumiam o pagamento de obras e reformas em casa de políticos e diretores da Petrobras. É o caso envolvendo José Dirceu, que teve a reforma de sua casa paga pelo lobista Milton Pascovitch.

Recentemente, duas reformas colocaram o ex-presidente Lula no alvo das denúncias: as obras no tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, e as melhorias no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, frequentado por Lula e sua mulher desde 2011. Um dos donos é sócio do filho de Lula.

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